A cantora Joelma deixou os fãs preocupados após aparecer com rosto inchado em um show em Parauapebas, no Pará, no último domingo (29). A Assessoria da cantora informou que se tratava de uma sequela da Covid-19.
A paraense já foi infectada três vezes pelo vírus. Ela explica que o vírus lhe deixou um "efeito sanfona" e que há dias nos quais o corpo fica inchado, mas depois volta ao normal. Depois da polêmica, Joelma surgiu em suas redes sociais com o rosto aparentemente normal, sem inchaços.
De acordo com a infectologista Andrea Beltrão, ouvida pelo g1, é raro que ocorra esse tipo de sequela. "Essa sequela não é comum, não tem relação com procedimentos estéticos. O edema que ocorre após a Covid-19 é devido o processo inflamatório intenso que leva a trombose na microcirculação".
Ela explica que reinfecções não potencializam os problemas, o efeito é contrário e "a tendência é que os sintomas seja mais leves".
Processo inflamatório
Depois de uma infecção por Covid-19, ou mesmo a vacinação, ocorre um processo inflamatório no organismo e ele pode interagir com o ácido hialurônico presente nos tecidos aplicados. É o que explica a dermatologista Ana Luiza Esteves.
"É um lugar onde mais aplicamos ácido hialurônico, mas pode ocorrer em outras partes do corpo. Não é um evento tão comum, mas pode acontecer e é atribuída ao preenchimento facial. Tem alguns casos realmente que podem ocorrer sem o ácido hialurônico, mas eles são realmente bem pequeno", disse a dermatologista ao g1.
Esse processo pode ocorrer por causa de outras doenças, mas esse problema tem sido bastante relacionado ao covid-19. Ana Luzia Esteves ressalta que é importante tomar as vacinas disponíveis, mesmo que esse problema ocorra. "Até porque a própria doença pode desencadear esse quadro. Quando isso acontece, existe tratamento e os pacientes costumam responder muito bem".
Reação da Covid-19 e uso de ácido hialurônico
Contudo, um estudo apresentado pela revista científica New England Journal of Medicine (NEJM), feito com a vacina da Moderna, pesquisou a relação entre a vacina contra Covid em pessoas que realizaram preenchimento facial de dois a seis meses antes do teste. No estudo, apenas duas mulheres, em um total de 30 mil voluntários (metade foi vacinada e a outra metade recebeu um placebo) relataram inchaço no local de aplicação dos preenchedores.
Por meio de nota, a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP) explica que o número de pessoas com a reação é insignificante diante do número de pessoas avaliadas na pesquisa.
"Duas pessoas em um grupo de mais de 30 mil não é considerado um número estatisticamente significativo. Além disso, efeitos colaterais advindos da aplicação de preenchedores faciais não são apenas raros, mas também transitórios e benignos. Geralmente, eles se caracterizam pela presença de sinais inflamatórios (inchaço, vermelhidão, calor e dor no local da aplicação do preenchedor) e respondem bem ao tratamento, que é individual e deve ser sempre prescrito por um dermatologista", aponta a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP).