Uma descoberta está preocupando estudiosos da universidade americana Florida State. É que o estudo do pesquisador Jon Hawkings, publicado em maio na revista Nature, revela que uma camada de gelo no sudoeste da Groelândia está liberando grandes quantidades de mercúrio nos rios próximos na proporção que derrete.
O estudo chega como um alerta, pois o metal tóxico pode se acumular em animais marinhos que são componentes básicos da dieta das comunidades indígenas locais.
O mercúrio é um metal naturalmente encontrado em algumas rochas. Conforme as geleiras fluem lentamente morro abaixo, trituram as rochas ao seu redor, potencialmente liberando mercúrio em sua água derretida. Para descobrir se isso está ocorrendo na região autônoma e gelada, Jon Hawkings e seus colegas analisaram o derretimento que vem da margem sudoeste de seu manto de gelo.
Hawking e sua equipe fizeram duas expedições à região, em 2015 e 2018, coletando amostras de água de três rios alimentados por derretimento – que recebem quantidades substanciais de água da camada de gelo da Groenlândia: até 800 metros cúbicos por segundo. As amostras foram filtradas para remover qualquer sedimento e mantidas a salvo de contaminação. Em seguida, os pesquisadores analisaram a concentração de mercúrio em cada uma delas.
O que os cientistas encontraram foi alarmante: as concentrações do elemento químico na região são ao menos 10 vezes maiores do que a média de um rio. Isso significa que a água do degelo é tão rica em mercúrio quanto a de rios altamente poluídos – mas neste caso, lembra Hawking, o mercúrio não foi introduzido na água diretamente pelos humanos. E ressalta: "A camada de gelo está derretendo muito mais rápido como resultado da mudança climática”.
Os pesquisadores à frente do estudo estimam que esta fonte de mercúrio está enviando quantidades significativas para fiordes – corpos de água longos e estreitos esculpidos por geleiras em movimento – que estão em seu caminho.
A região da Groenlândia pode estar sendo a responsável por enviar até 42 toneladas de mercúrio todos os anos aos oceanos - cerca de 10% da entrada global estimada do elemento provém de rios. Essas concentrações de mercúrio estão entre as mais altas já registradas na literatura científica para águas naturais não contaminadas pela atividade humana.