Uma antiga embarcação militar grega foi recentemente desenterrada por mergulhadores na costa mediterrânea do Egito. O navio, que havia naufragado no século II a.C., ficou desaparecido por milhares de anos até ser encontrado nas ruínas de Thônis-Heracleion — uma incrível cidade portuária do Egito Antigo que afundou no mar.
Os pesquisadores acreditam que os destroços do lendário Templo de Amun tenham causado danos ao casco da embarcação descoberta, fazendo-a afundar e ficar presa na água. No passado, a região servia como o principal ponto de controle da entrada de embarcações no Egito e também de comércio regulamentado na parte ocidental do Nilo.
História do Egito Antigo
O achado do navio grego no mar Mediterrâneo ocorreu logo após os mergulhadores terem encontrado um complexo funerário grego que data para século IV a.C. no fundo de outro canal nas proximidades. Segundo o Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática (IEASM), as descobertas "gêmeas" podem trazer mais informações sobre a cultura de comércio contemporânea do Egito Antigo.
Por algum tempo, Thônis-Heracleion chegou a ser a maior cidade portuária do Egito até ser superada por Alexandria, fundada por Alexandre, o Grande, em 331 a.C. A região também serviu de abrigo para algumas comunidades gregas no passado, que montaram seus próprios templos religiosos ao lado do Templo de Amun, deus supremo do Egito Antigo.
De acordo com historiadores, a edificação sagrada desabou em 140 a.C. A cidade portuária chegou a sobreviver por mais mil anos, mas terminou sucumbindo após uma série de terremotos e tsunamis no século VIII d.C. O local chegou a desaparecer por mais 1,2 mil anos até ser redescoberto em 2001.
Proteção de argila
Os mergulhadores encontraram o navio debaixo de mais de 4 metros de argila e destroços do Templo de Amun. Por outro lado, foi graças a essa "proteção" de pedra que a embarcação pôde permanecer segura por mais de 2 mil anos. O barco foi construído com um modelo tradicional da Grécia Antiga, com aerodinâmica projetada para navegar rapidamente pelo alto mar.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores descobriram que boa parte do casco foi feito usando métodos tradicionais de construção naval egípcia e madeira reutilizada, o que indica que ele havia sido originalmente confeccionado no Egito. Esse é um dos poucos exemplares de navio dessa época que sobreviveram tanto tempo.
“Esta descoberta ilustra lindamente a presença dos mercadores gregos que viviam em Thônis-Heracleion”, disse o Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito em um comunicado oficial.