O planejamento da gravidez é algo bastante particular e impactante na vida de grande parte das famílias. Cada vez mais, pais e mães se preocupam em escolher o momento certo na vida pessoal e profissional para ter um bebê. Agora, a ciência adiciona mais um item a ser considerado quando decide-se ter um filho. Antes mesmo da concepção, é muito importante que o pai e a mãe se preparem também do ponto de vista nutricional. É o que revelam evidências recentes que estão mudando tudo o que se pensava sobre a importância dos alimentos para a formação de crianças saudáveis.
Até o estudo, sabia-se que uma boa nutrição era fundamental durante e depois da gestação. O conhecimento embasava o conceito de mil dias criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que servia de guia para profissionais de saúde de todo o mundo. O que as pesquisas atuais revelam é que o cuidado tem de começar antes, ainda na pré-concepção. Este período, que envolve os três meses anteriores à gravidez é de extrema relevância para a saúde do bebê que está por vir. Essa conta amplia o ciclo de mil para os 1.100 dias que moldarão o futuro do bebê.
Esses três meses adicionados servirão para que o organismo da mãe componha uma espécie de “banco de nutrientes“ que serão vitais para o desenvolvimento do feto e que terão repercussão ao longo de toda a vida adulta. Quando este banco é criado, virá ao mundo um indivíduo com matéria-prima para evoluir muito mais nas habilidades físicas e cognitivas. A combinação dos nutrientes certos podem afastar doenças crônicas como diabetes ou problemas cardiovasculares.
E já que esse período é tão importante, como se preparar da maneira ideal e oferecer o máximo de nutrientes possível ao bebê que ainda nem começou a se formar?
De acordo com o Dr. Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, a ABRAN, no Brasil muito se fala sobre o ácido fólico, mas pouca gente sabe que há outros nutrientes que também são de extrema importância no período: “A população, em geral, está consumindo pouco ômega-3 e muito ômega-6. O abuso de óleos vegetais, fontes do tipo 6, ajuda a explicar esse fenômeno e tamanho desajuste pode prejudicar a atuação do ômega-3. Existem evidências de seu papel em prol de diversas estruturas do sistema nervoso em formação, por exemplo“, explica o especialista.
Outro fator que colabora para uma alimentação menos nutritiva é a correria do cotidiano moderno. “Poucas pessoas têm a oportunidade de almoçar em casa, não sobra muito tempo para se dedicar à alimentação equilibrada, com espaço para adotar a recomendação do consumo diário que é de 200 a 400 gramas de vegetais”, lamenta o nutrólogo.
É por essas e outras que os cardápios não contemplam uma quantidade satisfatória de substâncias preciosas para quem deseja engravidar. Ribas destaca alguns dos mais importantes: ácido fólico, ferro, zinco, vitamina B12, vitamina D, cálcio e ômega-3. A mulher deve ter reservas apropriadas para que seu organismo não sofra depleções na gestação e para garantir que seu filho cresça saudável.
Vale destacar que a combinação dos micronutrientes, em quantidade ideal, potencializa a ação dessas vitaminas e nutrientes. Por esse motivo, ao longo da gravidez a suplementação é muito bem-vinda. “É preciso analisar os hábitos alimentares e exames laboratoriais para estabelecer as dosagens corretas e ideais para cada pessoa. Só assim é possível se manter saudável o bastante para que o bebê aproveite, de fato, todos os benefícios dessa boa nutrição”, finaliza o nutrólogo.