Apesar de mortes já registradas, como a de uma gestante em Pernambuco que morreu devido à Covid-19, ainda não existem evidências de que as grávidas sejam mais vulneráveis ao novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Apesar disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam precaução e não descartar a possibilidade de agravamento dos casos.Mas, afinal, o que sabemos até agora?
1.O que diz a OMS?
A organização internacional diz que muitas pesquisas científicas estão em curso para comprovar todos os efeitos da infecção pelo coronavírus no organismo das grávidas.
As informações disponíveis são limitadas, mas devido às alterações do corpo e do sistema imunológico que naturalmente acontecem nas mulheres nesta fase, são recomendadas precauções de proteção contra o vírus (veja na pergunta 4).
Além disso, o grupo tem o histórico de ser seriamente afetado por algumas infecções respiratórias, como ocorreu durante a pandemia de H1N1.
2. O que diz o Ministério da Saúde?
Nas diretrizes do Ministério, a situação das grávidas é analisada na categoria de "Casos especiais", a mesma que avalia como deve ser o atendimento de cardíacos e outros pacientes vulneráveis. Entretanto, as diretrizes do ministério, assim como as da OMS, dizem que "os dados sobre apresentação clínica e os resultados perinatais após a infecção pela Covid-19 durante a gravidez e/ou puerpério ainda são limitados".
No documento com todas as diretrizes para o atendimento às mulheres grávidas, o governo orienta que os médicos não descartem a chance de um agravamento do quadro, já que há uma maior vulnerabilidade às infecções em geral durante o período.
Entre as determinações, estão uma consulta bimestral com um profissional de saúde e a individualização dos cuidados para cada mulher sobre como deverá ser o parto.
3. Gestantes são mais vulneráveis ao vírus?
Por enquanto, como dizem a OMS e o Ministério da Saúde, não existem evidências suficientes de que as gestantes tenham uma chance maior de desenvolver um caso grave da Covid-19. Os estudos sobre o assunto, mesmo que frágeis, mostram uma boa resistência das grávidas ao coronavírus.
O médico ginecologista e obstetra Waldemar Carvalho cita uma pesquisa recente feita em Nova York com 43 grávidas com Covid-19. Os pesquisadores mostraram que o grupo teve um risco similar de desenvolver a versão crítica tanto quanto o grupo de mulheres não-grávidas. Foram 86% dos casos leves, 9,3% de casos graves e 4,7% foram situações críticas entre as gestantes. O número é muito parecido com outro estudo chinês feito com 44 mil casos confirmados da população em geral: 80% de casos leves, 15% graves e 5% críticos.
Para conseguir implementar de forma mais efetiva algumas medidas, Carvalho diz que o governo passou a incluir as gestantes no grupo de risco:
"Hoje para poder ter todo um critério para as maternidades e hospitais poderem lidar com as pacientes, o Ministério da Saúde incluiu as gestantes como grupo de risco, mas isso não quer dizer ainda que uma grávida tenha uma chance maior de ficar mais doente", explicou.
4. Como posso me proteger durante a gravidez?
As medidas são as mesmas que devem ser tomadas pela população em geral:
- Lavar as mãos com frequência e/ou usar álcool gel
- Distanciamento social de pelo menos 2 metros
- Evitar aglomerações
- Evitar tocar os olhos, o nariz e a boca
- Cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ao tossir e espirrar e, depois, descartar o tecido usado
- Usar máscara
- Em caso de febre persistente ou dificuldade de respirar, procurar a unidade de saúde mais próxima
"A gestante que não está em estado grave, em uma infecção que não tem risco à saúde, essa gestante está autorizada à amamentação com muito cuidado, com máscara, higienização, ou tirar o leite com a limpeza adequada. As pacientes que estão num quadro mais importante de coronavírus, essas obrigatoriamente não podem amamentar. É uma forma de poupar a mulher, ou ela fica muito debilitada", disse o ginecologista.
5. O bebê pode ser infectado durante a gestação, durante o parto ou durante a amamentação?
De acordo com a OMS, não há indicação de que isso aconteça. O vírus ainda não foi detectado em amostras de líquido amniótico ou no leite materno. No entanto, Carvalho explica que há recomendação para que pacientes em quadro grave para o coronavírus não façam a amamentação. Segundo ele, é apenas uma medida de precaução enquanto novas evidências não surjem e também uma forma de resguardar a energia da mãe.
"A gestante que não está em estado grave, em uma infecção que não tem risco à saúde, essa gestante está autorizada à amamentação com muito cuidado, com máscara, higienização, ou tirar o leite com a limpeza adequada. As pacientes que estão num quadro mais importante de coronavírus, essas obrigatoriamente não podem amamentar. É uma forma de poupar a mulher, ou ela fica muito debilitada", disse o ginecologista.
6. Qual fase da gravidez é mais arriscada para pegar o vírus?
Por enquanto, para as gestantes infectadas pelo coronavírus, os piores casos estão sendo vistos no último trimestre e na fase do puerpério, logo após o parto, de acordo com Carvalho.
"Geralmente, é o nascimento e o puerpério, que é o período que a mulher está mais debilitada e tem que amamentar. É o período mais perigoso pra grávida. Mas tem pouquíssimos estudos, tudo está mudando muito rápido", disse.
7. Sou obrigada a fazer cesariana por causa do coronavírus?
Não. A OMS diz que não há nenhuma ligação comprovada de que a cesariana seja necessária em caso de Covid-19. A decisão de como será o parto mais seguro deverá ser tomada de forma bilateral, entre mãe e médico, levando em consideração os riscos da doença. Uma experiência de parto segura e positiva, de acordo com a organização internacional:
- Respeito e dignidade com a mãe, bebê e família
- Ter um acompanhante presente durante o parto;
- Comunicação clara pela equipe de maternidade;
- Estratégias apropriadas de alívio da dor;
- Mobilidade no trabalho de parto, sempre que possível, e posição de nascimento de sua escolha
8. Minha família poderá comparecer durante o parto se eu estiver com a doença?
Com as novas medidas de isolamento, Carvalho diz que algumas maternidades já estão permitindo apenas um acompanhante durante o parto. As visitas também foram reduzidas. A medida está prevista entre as diretrizes do Ministério da Saúde.