Uma escola municipal, localizada na Grande São paulo, decidiu por uma iniciativa ousada e que pode servir de exemplo. A direção da escola, em uma carta enviada aos pais, propôs abolir com datas comemorativas como Dia das Mães e Pais e também datas religiosas (como Páscoa e Natal) e criar o “Dia da Família”.
De acordo com a direção da escola, nessas datas comemorativas muitas crianças, que possuem duas mãe, dois pais ou que não sejam da igreja católica, se sentem excluídas e isso pode trazer inúmeros problemas no futuro. “Tem família que não tem mãe, família que não tem pai, famílias dos mais variados tipos. Por que dar tanto valor para o Dia das Mães e dos Pais sabendo que não corresponde à realidade de todas as nossas crianças? Não seria muito melhor fazer o “Dia da Família”? Achamos que sim”, diz a direção.
Visando proporcionar inclusão de todos, a escola sugeriu a criação do "Dia da Família" para que todos, sem exceção, se sintam representados, seja com duas mães, um pai solteiro, ou pai e mãe. A proposta foi colocada em uma carta enviada aos pais que viralizou na internet. Confira!
Prezadas famílias,
Em mais um ano de bastante discussão, a escola resolveu não realizar eventos nas tradicionais “datas comemorativas” (páscoa, dia das mães, dia dos pais, natal, etc). Achamos importante dividir com vocês algumas razões:
1) As datas comemorativas foram tomadas por um aspecto muito comercial (compras, presentes, consumo) e reforçar essa ideia (do carinho estar necessariamente ligado ao presente) não faz parte dos nossos objetivos;
2) Dia das mães e dia dos pais desconsideram a diversidade das famílias existentes. Tem família que não tem mãe presente, família que não tem pai, famílias dos mais variados tipos. Por que dar tanto valor para o dia das mães e dos pais sabendo que não corresponde à realidade de todas nossas crianças? Não seria muito melhor fazer “dia da família”? Achamos que sim!
3) A escola pública é laica e não professa nenhum credo, respeitando a pluralidade de religiões de nosso povo. Portanto, datas comemorativas cristãs não serão tema do nosso dia a dia por também considerarmos que a religião é da intimidade de cada família e deve ser tratada em casa.
4) Algumas festas insistem em colocar as crianças em “apresentações” que acabam se tornando uma tortura para professoras e crianças: ensaios, vergonha de participar e se apresentar, tristeza pela ausência de um familiar na apresentação, choro… Podemos brincar muito de cantar e dançar na escola sem ter que passar por momentos como esse. A intenção da apresentação tem que surgir da própria criança, e não somente responder a um desejo do adulto.
A nossa escola é espaço de cultura brasileira e trabalharemos para ampliar o repertório de todas as crianças, sem discriminação e exclusões. Todas as famílias são bem vindas nos eventos abertos e também para conhecer o nosso trabalho, que busca trazer novidades e conhecimentos, sempre respeitando as crianças pequenas e seu modo vivo e alegre de ser.
Atenciosamente,
Emei Des. Dalmo do Valle Nogueira.