Crianças acima do peso que apresentavam fígado gorduroso conseguiram reduzir drasticamente os níveis de gordura e inflamação do órgão tirando da dieta refrigerantes, sucos de frutas e alimentos com açúcar adicionado, foi o que descobriu um recente estudo aprofundado sobre o tema. A nova pesquisa, publicada no JAMA: The Journal of the American Medical Association, semana passada, sugere que limitar a ingestão de comidas e bebidas adocicadas pode ser uma promissora estratégia de estilo de vida para aliviar uma condição devastadora relacionada ao surto de obesidade que está se espalhando rapidamente entre adultos e crianças.
Estima-se que entre 80 e 100 milhões de americanos tenham doença hepática gordurosa não alcoólica, que leva à inflamação do fígado devido a níveis perigosamente altos de gordura. Cerca de sete milhões são crianças e adolescentes.
Geralmente, a doença do fígado gorduroso apresenta poucos sintomas, e muitas pessoas que a têm não sabem disso. Entretanto, a doença aumenta o risco de desenvolvimento da diabetes tipo 2 e de doenças do coração, além de poder progredir para uma condição mais séria chamada esteato-hepatite não alcoólica, que é a principal causa de câncer do fígado, cirrose e da necessidade de transplantes de fígado. Recomenda-se atualmente que as crianças com fígado gorduroso mantenham uma rotina de exercícios e alimentação saudável, embora não haja especificação de alimentos.
Alguns especialistas, porém, já aconselham seus pacientes a evitar o açúcar adicionado, normalmente encontrado em alimentos muito processados e que é diferente dos açúcares encontrados naturalmente nas frutas, por exemplo. O açúcar adicionado é tipicamente rico em frutose, que pode potencializar a produção de novas gorduras quando metabolizado pelo fígado.
"O padrão de tratamento atual é muito semelhante ao que recomendaríamos a qualquer criança acima do peso. Infelizmente, essa recomendação mais genérica não tem surtido o efeito esperado sobre a doença, e não existem testes aleatórios relevantes que estejam buscando entender qual dieta é a melhor para o fígado gorduroso", comentou a dra. Miriam Vos, autora do novo estudo e professora assistente de pediatria na Escola de Medicina da Universidade Emory.