Estudos mostram que macacos vieram da África atravessando o oceano

Dentes dos animais deram as pistas

Macacos | Divulgação
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Acredita-se que os macacos tenham feito a viagem de mais de 1.300 quilômetros em jangadas flutuantes de vegetação que se desprendiam do litoral. Assim, isso possivelmente aconteceu durante uma tempestade. "Esta é uma descoberta completamente única", disse Erik Seiffert, principal autor do estudo. Contudo, "isso mostra que, além dos macacos do Novo Mundo e de um grupo de roedores conhecidos como caviomorfos, existe essa terceira linhagem de mamíferos. Com isso, de alguma forma, esses mamíferas fizeram uma improvável jornada transatlântica da África à América do Sul".

Dessa forma, os pesquisadores deram, ao macaco extinto, o nome Ucayalipithecus perdita. Essa denominação vem de Ucayali, a região da Amazônia peruana onde os dentes foram encontrados. Desse modo, Pithikos é uma palavra grega para macaco. E perdita, a palavra latina para perdido. Pelo que sabemos, o Ucayalipithecus perdita teria sido muito pequeno, semelhante em tamanho a um sagui moderno.

Os pesquisadores acreditam que o local onde os dentes foram encontrados é de uma época geológica conhecida como Oligoceno. Para se ter uma ideia, esse período se estendeu de 34 milhões a 23 milhões de anos atrás.

Quando esses macacos atravessaram o Oceano Atlântico?

Tendo como base a idade do local e a proximidade do Ucayalipithecus com seus parentes fósseis do Egito, os pesquisadores estimam que a migração possa ter ocorrido cerca de 34 milhões de anos atrás. "Estamos sugerindo que esse grupo pode ter chegado à América do Sul em torno do que chamamos de Fronteira Eoceno-Oligoceno. Esse foi um período entre duas épocas geológicas, quando o manto de gelo da Antártida começou a se acumular e o nível do mar caiu", disse Seiffert. "Isso pode ter contribuído para tornar um pouco mais fácil para esses primatas realmente cruzaram o Oceano Atlântico".

Em 2015, dois dos dentes do Ucayalipithecus perdita foram identificados pelos coautores argentinos do estudo. Dessa forma, o estudo mostrando que os macacos do Novo Mundo tinham antepassados africanos. Assim, quando foi solicitado a Seiffert que ajudasse a descrever esses espécimes em 2016, ele notou a semelhança dos dois molares superiores quebrados com uma espécie extinta de macaco parapitecídeo de 32 milhões de anos do Egito que ele havia estudado anteriormente.

Em 2016, uma expedição ao sítio fóssil do Perulevou levou à descoberta de mais dois dentes pertencentes a essa nova espécie. Desse modo, foi possível confirmar que o Ucayalipithecus era descendente de ancestrais africanos. Contudo, "o que mais me impressiona neste estudo é o quão improvável é tudo isso", disse Seiffert. "O fato de ser esse sítio remoto no meio do nada, de as chances de encontrar essas peças serem extremamente pequenas. Além do fato de estarmos revelando essa jornada improvável que foi feita por esses macacos antigos, é bastante notável".

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