Pesquisadores estudam há anos o poder medicinal da maconha, mas um grupo de pesquisa financiado pelo governo americano reconheceu pela primeira vez que a erva pode ajudar no combate a alguns tipos de células cancerígenas e reduzir o tamanho de outros.
O Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA, na sigla em inglês) atualizou, sem alarde, uma página em seu site oficial na qual fala sobre os efeitos medicinais da droga. Evidencias de um estudo com cultura de células sugerem que elementos purificados da maconha podem desacelerar o crescimento de células cancerígenas de alguns dos tipos mais sérios de tumores cerebrais.
A atualização legitima uma pesquisa publicada por cientistas da Universidade de Londres em novembro, na revista científica Molecular Cancer Therapies. Os pesquisadores descobriram que o THC, o principal ingrediente psicoativo da erva, e o canabidiol, um extrato da maconha, foram responsáveis por reduções drásticas no crescimento de gliomas em ratos. Cerca de 80% dos tumores cerebrais malignos em seres humanos são gliomas.
Mostramos que os canabinóides podem ter um papel no tratamento de um dos canceres mais agressivos em adultos, escreveu Wai Lu, o autor do estudo, em um artigo no site Huffington Post. Estudos anteriores sugeriam que o THC pode ter efeitos contra tumores, mas a dosagem errada pode até aumentar os tumores.
Em âmbito federal, a maconha ainda é considerada um entorpecente ilegal nos Estados Unidos. A droga, porém, é legalizada em 23 estados americanos, para uso medicinal e/ou recreativo.
O órgão americano responsável pela regulamentação dos remédios no país (FDA, na sigla em inglês) ainda não aprovou o uso da maconha medicinal para tratar qualquer tipo de doença, mas já aprovou medicações que contenham canabidiol, como aconteceu no Brasil no começo de 2015.