Você não precisa de um telescópio nem de um binóculo para ver uma chuva de meteoros – e um destes eventos, as Geminídeas, acontece nesta semana e pode ser visto de qualquer lugar do planeta.
A Geminídeas acontece uma vez por ano na Terra, pelo meio de dezembro. Isso porque é neste mês que normalmente nosso planeta, em sua trajetória ao redor do Sol, está cruzando a órbita do asteroide 3200 Faetonte, onde há milhares de pequenas rochas e destroços do asteroide no espaço.
Ao cruzar essa região, os detritos do asteroide entram na atmosfera da Terra. Se o céu estiver limpo, é possível ver até 120 "estrelas cadentes" por hora no céu, no momento de pico do fenômeno.
Entenda alguns fatos interessantes sobre esta chuva e veja como assistir a esse espetáculo do universo neste ano
Como eu posso assistir as Geminídeas
A chuva de meteoros já começou, na verdade, mas terá seu pico por volta das 23h (em Brasília) na noite de sexta-feira (13). Será nesse momento em que o chamado radiante, o ponto de onde os meteoros parecem estar vindo, estará bem alto no céu para quem mora na região Sudeste do Brasil.
Se você mora mais ao norte, o pico do fenômeno será mais cedo. Se você mora mais ao sul, o pico será mais tarde. Para assisti-lo, o ideal é estar em uma região bem escura, longe das luzes da cidade – e ter a sorte do céu estar limpo de nuvens. Deite, olhando para o céu, e dê aos seus olhos vários minutos para se acostumarem com a escuridão.
Infelizmente, a Lua cheia vai bloquear parte da luz da maioria dos meteoros das Geminídeas neste ano. Mas, dependendo das condições meteorológicas e do quão livre de poluição luminosa for o local em que você estiver, pode ser possível ver até 20 estrelas cadentes por hora.
A indicação é olhar para a região da constelação de gêmeos — é justamente por passar próxima a ela que as Geminídeas têm esse nome. Se o céu estiver nublado de sexta para sábado, você ainda tem uma boa chance de ver as estrelas cadentes na madrugada de sábado para domingo.
Meteoro, meteorito, asteroide, cometa: qual a diferença?
Um meteoro é a "trilha brilhante" deixada por uma rocha espacial que entra em combustão e vaporiza após atingir a atmosfera da Terra, segundo o especialista da NASA Bill Cooke. Os objetos em si são os meteoroides, ou seja, pedaços de rocha ou gelo que se separaram de um asteroide ou cometa.
Quando eles sobrevivem à viagem pela atmosfera terreste e atingem o chão, ficam conhecidos como meteoritos.
Já os asteroides são grandes pedaços de rocha que flutuam no espaço e orbitam ao redor do Sol. Os cometas também são objetos que orbitam o Sol, mas são feitos de gelo e poeira, não rochas.
Com que frequência meteoros atingem a Terra?
Todos os dias, a Terra é bombardeada com uma grande quantidade – entre 100 e 300 toneladas – de poeira espacial e objetos pequenos, menores do que um grão de areia, segundo a NASA. Estes pequenos objetos são chamados de meteoroides. A agência especial americana também estima que cerca de outras 44 toneladas de meteoroides caiam na Terra todos os dias.
Cerca de uma vez por ano, um meteoro do tamanho de um carro entra na atmosfera, criando uma "bola de fogo" impressionante, mas que queima e vaporiza antes de chegar à superfície.
E a cada 2 mil anos, mais ou menos, um meteoro do tamanho de um campo de futebol atinge a Terra e causa danos.
O que é uma chuva de meteoros?
Uma chuva de meteoros acontece simplesmente quando o número deles aumenta muito.
Eles ocorrem em intervalos regulares porque correspondem a momentos em que a Terra passa por rotas de "lixo" espacial.
As Perseidas são a chuva mais famosa, accontecendo em agosto anualmente. Cada meteoro que as compõem são um pequeno pedaço do cometa Swift-Tuttle.
Já o famoso cometa Halley é responsável tanto pelas chuvas Eta Aquáridas quanto Oriônidas.
Mas as Geminídeas, em meados de dezembro, são consideradas uma das chuvas mais fortes e passíveis de observação, com luzes brilhantes e intensas — por isso um dos principais eventos do tipo no calendário espacial.
Quais são as chances de ser atingido por um meteoroide?
Os meteoroides costumam ser pequenos, podendo chegar ao tamanho de partículas de poeira — e, por isso, muitas vezes queimam rapidamente ao passar pela nossa atmosfera.
Mas alguns podem chegar também ao tamanho de pedras, e já houve ocasiões de pessoas feridas na superfície do planeta por estes objetos espaciais. Em 1994, em Getafe, na Espanha, um meteorito atingiu o para-brisa de um carro em movimento, deixando o motorista sortudo com apenas um dedo quebrado.
Em 1992, uma chuva de meteoritos caiu sobre uma área densamente povoada na cidade de Mbale, Uganda, atingindo um garoto na cabeça com um fragmento de 3,6 gramas. Segundo relatos, este objeto foi abrandado pelas folhas de uma bananeira, e o menino conseguiu se recuperar.
Em 1954, no Estado americano do Alabama, um meteorito do tamanho de um melão atravessou o telhado de uma casa, ricocheteou no rádio e atingiu Ann Hodges enquanto ela estava sentada em sua sala de estar. Como consequência, ela ficou com uma grande ferida perto do quadril.
A Rússia viu dois grandes eventos nos quais rochas espaciais explodiram no ar e causaram danos. Em fevereiro de 2013, uma bola de fogo super brilhante, fenômeno conhecido como "superbólido", explodiu sobre a região dos Urais, espalhando meteoritos e ferindo cerca de 1.500 pessoas — a maioria delas por janelas de vidro quebradas com o choque.
Em 1908, na Sibéria, uma rocha que entrou na atmosfera da Terra explodiu no céu, destruindo 2.000 quilômetros quadrados de floresta e matando dois homens e centenas de renas.