Homem ganha US$ 200 por hora procurando cogumelos comestível

A iguaria crescia nas florestas de Durbham, Carolina do Norte

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Não era parte de um plano de negócios, mas um cogumelo selvagem comestível de 15 kg que crescia nas florestas na periferia de Durham, na Carolina do Norte, há seis anos, foi a primeira venda do norte-americano Frank Hyman. A iguaria foi comprada por chefs de cozinha no centro da cidade por US$ 351 (o equivalente a R$ 1.170) em menos de três horas.

O juba de leão, um cogumelo anormalmente grande, é favorecido pelo clima do inverno. Ele é completamente coberto por uma camada de pelos brancos – por isso o nome. Este estava tão alto em um carvalho que, para pegá-lo, Hyman teve de subir em uma escada de 2,5 metros. Agarrado à árvore, com uma faca de pão em uma mão e o cheiro de cogumelo fresco no rosto, ele o retirou de seu habitat natural.

Hyman conta que levou o cogumelo para casa em cinco sacolas de compras, todas cheias. O juba de leão tem a cor e a textura de carne de caranguejo, então é normalmente frito como hambúrguer e usado nas receitas “faux crab cakes” (“bolos falsos de caranguejo”, em tradução livre). Mas ele não podia imaginar como comer tudo aquilo. Então, armazenou uma das sacolas na geladeira e decidiu sair para vender o resto a restaurantes enquanto estava ainda estava fresco. Voltou duas horas depois, ostentando meia dúzia de cheques nas mãos.

Por cogumelos comestíveis de primeira, os chefs chegam a pagar pelo quilo o mesmo valor que desembolsariam por filé mignon: algo entre R$ 40 e R$ 83. Um único cogumelo Laetiporus de 2,2 kg pode valer US$ 100 (R$ 333).

Antes daquele primeiro dia com o juba de leão, Hyman nunca pensou que pudesse ganhar um centavo procurando cogumelos. Há sete anos, ele se inscrevia para a sua primeira caminhada de caça de cogumelos por pura vontade de estar ao ar livre e conseguir alguma comida. Sua ideia era, no máximo, conhecer alguns amantes da natureza e voltar para casa com uma cesta de pequenos fungos comestíveis e sofisticados.

Mas a ideia original acabou se tornando um vício. Procurar cogumelos parecia uma caça ao tesouro para os adultos. Para a surpresa de Hyman, essas caçadas agora trazem tesouros reais – na ordem dos US$ 200 (R$ 667) por hora. Para economizar tempo (o que aumenta o rendimento), ele aprendeu a manter um inventário de datas e localizações para que possa revisitar árvores produtivas e adicionar novas à medida em que as encontra.

Fortes chuvas no último mês de outubro geraram uma explosão de cogumelos dos tipos maitake, laetiporus e juba de leão, que crescem em árvores que Hyman já havia encontrado anteriormente. Procurando esporadicamente por cogumelos entre o Dia de Colombo (9 de outubro) e o Dia de Ação de Graças (23 de novembro) do ano passado, ele encontrou cerca de 55 kg destas três espécies. No fim, ganhou mais de US$ 2.500 (R$ 8.300) em cerca de 12 horas de procura e venda.

Com estes valores, seria naturalmente tentador fazer disso um trabalho em tempo integral. Hyman diz conhecer algumas pessoas que fazem isso, mas que prefere não levar seu hobby tão longe. Como um integrante antigo da “gig economy” – mercado baseado em trabalhos de freelancer – ele já tem uma coleção de fontes de renda: administração de campanhas políticas, venda de fotos a revistas, construção de paredes de pedra. Procurar cogumelos lhe dá outra oportunidade de evitar seu maior medo: um emprego formal.

Para um trabalhador autônomo e semi-aposentado, a caça por cogumelos pode render pratos valiosos, diversão ao ar livre e, talvez, até algum dinheiro rápido. Não é preciso ser um micologista (alguém que estuda fungos) para aprender a diferenciar cogumelos comestíveis dos venenosos – é preciso apenas ser uma pessoa cuidadosa e nunca comer ou compartilhar qualquer coisa sobre a qual não tenha 100% de certeza.

A melhor maneira para um novato começar seria buscar no Google alguém que já exerça este tipo de atividade na sua região ou em alguma região rica em cogumelos para a qual planeja viajar. Outra sugestão é encontrar sites de profissionais da área ou reportagens sobre eles. Então, basta contatar o especialista e participar de suas aulas ou manifestar interesse em contratá-lo para uma consultoria.

Outra etapa fundamental é mergulhar nos livros. Um guia regional sobre cogumelos é o melhor lugar para começar, além do livro “100 Edible Mushrooms”, de Michael Kuo (ainda sem versão em português). Estes dois e o “Backyard Foraging”, de Ellen Zachos (também sem versão em português), formam um bom trio – Zachos fala de alguns dos cogumelos mais comuns, além de plantas comestíveis comumente encontradas em jardins.

Finalmente, é importante escolher os acessórios certos: um computador para manter um inventário das datas e localizações dos seus achados, uma faca de bolso para cortar os cogumelos, um pincel para remover resíduos sem danificá-los, sacolas plásticas para plantas e sacolas de papel para cogumelos (para que não apodreçam) e uma cesta ou bolsa para carregar.

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