Em 1979, o indiano Jadav Payeng era apenas um adolescente quando decidiu tomar uma atitude para conter a erosão que afetava Majuli, a ilha onde mora. Ele começou a plantar árvores todos os dias e, após manter o hábito por 40 anos, Payeng foi capaz de criar, sozinho, uma floresta de 550 hectares.
De acordo com o portal Metro , atualmente a floresta de Majuli conta com um grande número de espécies vegetais e animais, o que inclui elefantes, tigres de bengala e rinocerontes, que habitam a ilha durante alguns meses do ano.
“Esse lugar é cheio de árvores. E eu plantei tudo sozinho”, contou. “No começo, plantar consumia muito tempo, mas agora é muito mais fácil porque eu consigo as sementes a partir das plantas que já estão aqui”.
O trabalho do indiano na ilha fluvial localizada no estado de Assam, no norte da Índia , permaneceu desconhecido até 2007, quando o jornalista Jitu Kulita tirava fotos no rio Brahmaputra e percebeu a presença das árvores a alguns quilômetros dali.
Contudo, quando Kulita tentou conversar ele, não obteve muito sucesso. Isso porque Payeng desconfiou que o jornalista fosse, na verdade, um caçador. Por mais que este não tenha sido o caso, infelizmente, muitos caçadores ficaram interessados na biodiversidade da ilha assim que ela ficou conhecida no país.
O homem lamentou que, se antes a ilha era ameaçada por questões naturais, hoje a ameaça vem dos seres humanos, que poderiam “destruir as árvores apenas para ter ganho econômico”.
“Não existem monstros na natureza, com a exceção dos humanos, que consomem tudo até que não haja mais nada sobrando. Nada está a salvo dos seres humanos, nem mesmo tigres e elefantes”, declarou. “Mas eu digo para as pessoas: ‘vocês não vão conseguir nada cortando essas árvores, e vão ter que me cortar antes de cortar minhas árvores”.
Por mais que os esforços de Payeng tenham surtido muito efeito, a erosão continua a ameaçar a ilha fluvial. De acordo com o indiano, ele tentou sugerir algumas possíveis soluções para o governo local, mas não conseguiu o apoio que desejava.
Hoje, com mais de 50 anos, o homem - que trabalha junto da esposa vendendo leite em vilarejos da região - acredita que a plantação de coqueiros pode ser a chave para controlar cada vez mais o solo erosivo de Majuli e preservar sua natureza .
Isso porque o caule destas árvores cresce em uma linha reta, o que é capaz de prevenir o desgaste do terreno. Além disso, os cocos também poderiam ser vendidos, o que traria ganhos econômicos para a ilha.
Apesar de não conseguir o apoio necessário, Payeng não tem planos de se mudar de lá e continua a plantar as árvores, algo que planeja fazer “até meu último suspiro”, como disse para a mídia local.
Contrariando algumas crenças populares, cientistas que conheceram o projeto do indiano pedem para que toda a população siga o seu exemplo. “Ele já mostrou que uma pessoa pode, sozinha, criar esse tipo de floresta , então por que as outras não poderiam?”, questionou Arup Kumar Sarma, do Instituto de Tecnologia da Índia.