É dito que o verdadeiro amor é o amor que uma mãe sente por seu filho. Aquele incondicional, de amar uma outra pessoa mais do que a si mesmo. Um tipo de amor que somente mães entenderão. Talvez só elas entendam como é esse sentimento, mas com algumas ações nós podemos ter uma ideia de como ele funciona.
A americana Cecile Eledge, de 61 anos, deu à luz a sua própria neta porque emprestou sua barriga para a gestação do bebê de seu filho com o marido dele. Do parto veio a bebê Uma Louise e tudo correu bem tanto com Cecile quanto com a bebê.
A menina é a primeira filha do casal Matthew Eledge, que é o filho de Cecile, e de seu marido Elliot Dougherty. Segundo a mulher, em entrevista à BBC, a ideia veio dela, que se ofereceu para ser a barriga de aluguel que realizaria o sonho de seu filho e de seu genro. "É claro que todos riram", comentou a mulher.
E quando Matthew e Elliot começaram a pesquisar suas opções e falaram com um médico foi quando viram que a oferta de Cecile era uma opção viável. "Foi muito bonito da parte dela. Ela é uma mulher muito desprendida", disse Elliot.
Quando eles decidiram aceitar a ideia, a mãe-avó passou por uma bateria de exames. E ao final de tudo, recebeu a boa notícia de que tudo estava perfeito. O esperma utilizado foi de Matthew e o óvulo foi doado pela irmã de Elliot, Lea.
"Sou muito preocupada com minha saúde. Não havia razão alguma para duvidar que eu pudesse gestar o bebê", relatou Cecile.
Elliot explicou que, para casais heterossexuais, a fertilização in vitro é vista como última opção. Mas para ele e seu marido essa era a única forma de eles terem um filho biológico.
Surpreendentemente, a idade já mais avançada de Cecile não foi um empecilho para a gestação. E segundo ela, correu tudo tranquilamente. Apesar dela comentar ter sentido mais os efeitos colaterais dessa última vez do que na gravidez de seus outros três filhos.
A gravidez dela foi aceita com uma reação bastante positiva e com um leve choque. Mas todos a apoiaram no processo.
Dificuldades
Mas não somente gerar o bebê foi todo o trabalho. O casamento gay nos Estados Unidos foi legalizado desde 2015. Mas em Nebraska, que é o estado em que eles vivem, não há leis que punam a discriminação baseada na orientação sexual das pessoas. E até 2017, casais gays não podiam adotar crianças no estado.
Além disso, o plano de saúde de Cecile não cobriu suas despesas. O que aconteceria normalmente se ela estivesse dando à luz ao seu próprio filho. "Esse é um dos pequenos exemplos que criam obstáculos para nós", cometa ela.
Matthew já tinha sido notícia quando foi demitido da escola católica onde trabalhava quando contou que planejava se casar com Elliot. A indignação foi tanta que os ex-alunos criaram uma petição online para ir contra a decisão da escola. E o abaixo-assinado teve 102.995 assinaturas.
Cecile quis compartilhar a sua história para combater o ódio contra a comunidade LGBTQ+. "Estou aprendendo a não levar nada para o lado pessoal. Em última análise, temos uma família, temos amigos, temos uma comunidade enorme que nos apoia", ressaltou.