O dia 29 de junho(último sábado) é marcado como o Dia Mundial da Escoliose, doença que acomete a coluna vertebral formando um desvio no plano tridimensional (frontal, perfil e axial) de 10 graus ou mais. A conscientização é anualmente lembrada no último sábado do mês junho, segundo a Associação de Escoliose do Reino Unido (Scoliosis Association UK)¹. Existem outros tipos de desvios na coluna, sendo normais e/ou anormais. A escoliose é anormal e, dependendo da sua gravidade, pode ter impacto significativo na qualidade de vida dos afetados.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a escoliose atinge mais de seis milhões de brasileiros² e, em até 85% dos casos, a doença é idiopática, ou seja, não se pode encontrar a causa³. Acredita-se que grande parte dos casos é de decorrência hereditária e afeta mais o sexo feminino. É comum o aparecimento ou descobrimento durante o período da adolescência, quando acontece uma progressão de crescimento. Essa fase é propícia para a doença se instaurar ou se intensificar, levando à procura por especialistas.
A principal característica da escoliose é que ela pode ser identificada na estrutura vertebral com o indivíduo de costas, enquanto nos outros casos os desvios são identificados com o paciente de perfil4. A deformidade causa dois tipos de desvios: em formato de C, quando acomete apenas uma curvatura, e em formato de S, quando atinge mais de uma curvatura4.
A escoliose pode ser classificada como estrutural ou funcional. “A estrutural envolve já algum grau de rotação vertebral e rigidez da deformidade. Já a funcional pode ser por questões posturais (mais frequentemente) ou por problemas secundários, como tumor, infecção, dor, diferença de comprimento das pernas”, explica o ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Olavo Biraghi Letaif.
Os tratamentos mais comuns atuam na correção dos desvios e no controle da dor, com o objetivo de oferecer qualidade de vida, além de interromper a progressão da deformidade. Entre eles está o uso de colete, que tem alto grau de recomendação para escolioses de origem idiopática; e técnicas de fisioterapia, como a Reeducação Postural Globalizada (RPG).
De acordo com o ortopedista Olavo Biraghi Letaif, há também a opção cirúrgica, indicada geralmente quando o ângulo do desvio é maior que 50°, para pacientes com mais de 8 anos, e para alguns casos específicos onde se detecta rápida e grave progressão da curva.
“A cirurgia envolve a colocação de implantes (parafusos, ganchos, fios ou fitas) e hastes que permitam corrigir a deformidade da coluna e promover a fusão óssea, de uma vértebra com outra, na posição já corrigida. Dessa forma, a coluna com uso dos implantes acaba sendo submetida a uma série de manobras cirúrgicas corretivas que permitem o alinhamento das vértebras”, esclarece o ortopedista.