Uma garrafa PET, quem diria, esta ajudando a combater o mosquito da dengue. Alguém pode até achar absurda a afirmação, uma vez que esse tipo de embalagem pode acumular água e servir de criadouro para o inseto. Mas não é esse o pensamento do professor Maulori Cabral e de outros pesquisadores do Instituto de Microbiologia da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Baseados em uma mosquitoeira, um invento criado e patenteado pelos pesquisadores Antonio Gonçalves Pereira e Hermano Cezar Jango, eles fizeram a mosquitérica, ou seja, um modelo de mosquitoeira que custa menos de um real e é fácil de fazer. Segundo Cabral, o nome surgiu na mesma época em que os medicamentos genéricos começavam a se popularizar no país. A idéia do invento é detectar se há focos do Aedes aegypit nos arredores onde a armadilha é colocada.
O funcionamento é muito simples. As fêmeas do mosquito são atraídas para a armadilha por causa da evaporação da água contida na garrafa. Elas depositam os ovos em locais secos. Ao reabastecer a mosquitérica com água, os ovos são encharcados e eclodem. No fundo do copo há alimento para que os filhotes se alimentem e cresçam. No entanto, ao chegar à forma adulta, os insetos não conseguem passar pela barreira feita com o microtule preso na boca da garrafa e acabam morrendo.
"O mosquito não deposita o ovo em água limpa", orienta Cabral. Por isso, é necessário colocar matéria orgânica, que pode ser qualquer grão triturado: de alpiste, por exemplo, arroz ou até mesmo ração para gato. Maulori faz apenas uma ressalva: "As rações para cachorro não servem porque têm gordura. Esta substância fica na superfície da água e não permite que as larvas do mosquito respirem".
A armadilha deve ser colocada em locais sombreados porque os mosquitos da dengue não suportam a luz. E para ver se a mosquitérica realmente capturou insetos da espécie, basta colocá-la em locais bastante iluminados. As larvas fogem e tentam se proteger no escuro. Segundo Cabral, ao contrário do fumacê habitual usado no combate, a mosquitérica atua durante todo o ciclo de desenvolvimento do mosquito da dengue, matando desde seu estágio larval até a fase adulta.
Materias necessários
Uma garrafa pet de 2 litros
Uma tesoura
Uma lixa de madeira nº 180
Um rolo de fita adesiva ou isolante
Um pedaço de tecido "micro tule" ou "filó", suficiente para vedar o bico da garrafa
Um pouco de arroz, que servirá de alimento para as larvas.
Procedimento
1. Corte a garrafa em duas partes, de forma que a parte da boca fique menor, formando um funil.
2. Retire a tampa da garrafa. Com cuidado, retire o anel do lacre e guarde-o, ele também será usado na mosquitoeira;
3. Coloque o tecido no gargalo e prenda-o com o anel. Note que deve ser um tecido bem fino, de forma que a larva não consiga passar;
4. Cliche bem o interior do "funil". Isso serve para aumentar a área de evaporação, assim, fica mais fácil para o mosquito localizar a armadilha;
5. Coloque na parte de baixo da garrafa o alimento que você escolheu. Pode ser 5 grãos de alpiste ou 3 grãos de arroz, mas sempre triturado.
6. Introduza a parte do gargalo virada para baixo na parte inferior da garrafa;
7. Use a fita adesiva para fixar as duas partes, do lado externo;
8. Coloque água sem cloro dentro da mosquitérica, alguns centímetros acima do gargalo. Caso não disponha de água sem cloro, pegue áqua da torneira e deixe-a em repouso por dois dias. Só depois coloque-as na mosquitérica;
Como usar
Depois de pronta, coloque a mosquitérica em lugares estratégicos, de preferência em locais frescos e sombreados. Se a água evaporar muito, complete-a. Para saber se as larvas são de Aedes aegypti, use uma lanterna. Se ao focar a luz da lanterna as larvas fugirem, ou seja, se demonstrarem um fotatactismo negativo, há boa probabilidade de elas serem larvas de culicídeos. Para matar as larvas, utilize larvicida comercial de longa duração como o BTI (Bacillus thuringiensis israelensis). Para uma eliminação rápida, basta jogá-las na terra com a água no começo do seu desenvolvimento - lembre-se: na terra, e nunca na privada, ralo ou rede de esgoto.