Ansiedade, falta de ar, dificuldade para engolir e insônia parecem sintomas claros de um ataque de pânico, certo? Certíssimo! Porém, não é apenas isso que pode gerar essas reações, e um diagnóstico errado pode custar até a vida, como foi o caso de uma mulher de 65 anos, moradora do estado da Virginia, nos EUA, que faleceu em maio de 2017 em decorrência de uma confusão.
Seis semanas antes de os sintomas surgirem, a mulher, cujo nome não foi identificado, retornou de um retiro de ioga na Índia, onde passara quase 2 meses. Lá ela foi mordida por um filhote de cachorro, mas nem desconfiou de que essa seria a sua sentença: ela contraiu uma forma bastante rara e letal da raiva naquele momento, sendo que os sintomas realmente só apareceram quando ela já estava em casa.
Ao chegar ao hospital, ela foi tratada como tendo uma crise de ansiedade. Foi medicada e voltou para casa. No dia seguinte, os sintomas estavam ainda mais intensos, e a mulher foi levada para a mesa cirúrgica para a passagem de um cateter até o coração, já que seu fluxo sanguíneo estava muito baixo.
Mais tarde, ela apresentou uma agitação intensa e começou a se tornar mais resistente aos tratamentos dos médicos e enfermeiros. Só então desconfiaram de uma possível infecção pela raiva, que, apesar de haver vacina para combater, costuma ser mortal caso os sintomas apareçam antes da medicação.
Apesar de o caso ter acontecido há quase 2 anos, ele só foi confirmado e noticiado agora no começo de 2019, em um jornal voltado à comunidade médica. O caso chama a atenção porque a raiva é bastante controlada nos EUA, com cerca de apenas três casos anuais. Na Índia, porém, onde a mulher foi infectada, esse é um grande problema, já que não existe uma campanha de vacinação dos cachorros para evitar a propagação da epidemia – o país é o líder no ranking de número de mortes provocadas pela raiva humana.
O Brasil é um exemplo mundial no combate à raiva, através de medidas de vacinação antirrábica e obrigatória. Porém, os índices de incidências das raivas animal e humana que começaram a baixar no começo dos anos 1990 tiveram um pequeno pico em 2017, quando vários cães, gatos e morcegos foram encontrados com a doença. Em humanos, causou a morte de duas pessoas em 2016 e ao menos três em 2017.
Uma das formas mais comuns de contágio da raiva é pela saliva, por isso uma mordida animal pode transmitir o vírus. Porém, mesmo entre humanos é possível a transmissão através da saliva em contato com mucosas. Por conta disso, ao menos 70 pessoas, entre familiares e profissionais de saúde, que tiveram contato com a norte-americana acabaram tomando a vacina antirrábica.