Sua infância provavelmente foi marcada por alguns alertas tenebrosos que seus pais faziam na tentativa de deixar você livre de qualquer perigo. A verdade é que o mesmo medo que você sentia do bicho-papão era sentido por seus pais cada vez que você teimava em tentar subir no telhado para empinar pipa.
Pais contam histórias mirabolantes para que seus filhos prestem atenção e não corram perigo, mas algumas dessas narrativas acabam passando de geração para geração e se tornam uma espécie de lenda urbana, na qual muita gente acredita sem de fato questionar a veracidade das informações repassadas.
E é por isso que é provável que tanto você quanto a sua mãe tenham a certeza de que ir para a praia ou para a piscina logo depois do almoço faz mal, causa câimbras e pode fazer com que você se afogue ou tenha uma séria congestão. E aí a ideia de que esperar pelo menos uma hora entre uma refeição e um mergulho acabou se propagando por gerações e culturas diferentes. Aqui no Brasil, o conselho popular mais comum é o dar uma hora de intervalo, mas em Cuba a crença é a de que o ideal é esperar três horas.
Nada a ver com a comida
Essa crença de que nadar depois do almoço faz mal não é assim tão sem fundamento. A questão é que nosso estômago exige mais sangue quando está fazendo a digestão e, por isso, acreditava-se que os músculos ficariam pouco irrigados e pudessem ter câimbras. A boa notícia é que o corpo humano tem sangue suficiente para manter os músculos funcionando e dar conta da digestão.
A questão é que, quando você está nadando, se não tiver feito os alongamentos recomendados antes dos exercícios, pode se esforçar demais e, como acontece em qualquer outra atividade física, talvez você tenha algum tipo de câimbra — o que é relativamente comum, na verdade. E isso não tem nada a ver com a comida ou a falta dela em seu estômago.
O importante nessas situações é manter a calma, afinal câimbras podem acontecer enquanto você está nadando, mas elas vão durar pouco tempo e, além disso, o corpo humano tende a flutuar; então, nada de pânico.
Explicações
Muitas dessas crendices se dão porque as pessoas tendem a levar como base alguma situação ruim, na tentativa de evitar que isso ocorra novamente. Por exemplo: se uma pessoa passou mal certa vez depois de comer doce de abóbora, é bem provável que ela relacione o doce ao fato de ter passado mal e que fique anos sem comer qualquer coisa com abóbora, ainda que o doce não tenha tido relação alguma com o mal-estar.
Isso é bem mais comum do que você imagina e ocorre tanto em experiências ruins quanto nas boas, como a pessoa que usa sempre o mesmo boné para ver seu time jogar, já que ela tem uma lembrança de que uma vez o time venceu de goleada quando ela estava usando o tal boné. No caso de nadar depois de comer, é bem provável que haja alguma associação parecida. Mas, de hoje em diante, fique tranquilo: comer e nadar logo em seguida é permitido e não vai fazer mal a você.