Por Lúcia Helena
A lógica da natureza é das mais simples. Feita por ela para proteger a espécie que embala de sol e chuva, frio e calor, substâncias estranhas na terra ou no ar, bicadas de tudo o quanto é bicho e — ufa! — invasão de germes, é claro que a casca dos vegetais desenvolveu suas próprias defesas. Armou-se de vitaminas, mineras e bioativos, capazes de reparar estragos e espantar seus inimigos. Daí que, para a saúde dos consumidores mais atrevidos, esse invólucro — seja ele fino como a pele do pêssego ou duro feito a capa do abacaxi — costuma ser tão ou literalmente mais precioso do que a polpa. No entanto, quase nunca vai parar no prato ou no copo.
Digo mais, nem é preciso ser casca grossa: como qualquer escudo, ao seu modo toda casca é firme. A firmeza é conferida por uma belíssima trama de fibras. Mas, como eu aposto que você já sabe dessa história de que as cascas têm fibras aos montes, vou parar de falar disso para mostrar aspectos inusitados, que podem despertar a sua vontade de morder as sobras de uma suculenta fatia de melancia.
Ok, não vou forçar a amizade e oferecer de cara a opção de mastigá-las cruas. O revestimento de alguns frutos e vegetais pede um forno ou um fogão antes de você cair de boca. Mas acredite: há sempre um jeito saboroso de não se jogar nada fora, o que seria desperdiçar saúde, além de recursos consumidos desde o cultivo até o tratamento das toneladas de lixo orgânico que produzimos.
Melancia
Pesquisadores do Departamento de Agricultura do governo americano concluíram que sua casca verdinha — a branca é o que chamam de entrecasca — é uma fonte espetacular de citrulina. Trata-se de um aminoácido que o nosso organismo não produz por conta própria e que é reconhecido por dar um chega-pra-lá na fadiga muscular. A citrulina faz até mais: melhora o fluxo sanguíneo, ajudando outra molécula, a de óxido nítrico, a relaxar os vasos.