Nos EUA, base militar de US$ 6 bilhões durou menos de 24 horas

Nenhum país do mundo gasta tanto dinheiro como os EUA

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Nenhum país do mundo gasta tanto dinheiro como os Estados Unidos quando o assunto é guerra. São mais de US$ 600 bilhões por ano no setor militar, valor que é superior até mesmo à soma dos outros sete países que estão no topo desse ranking bélico. Apesar disso, não faltam histórias de investimentos fracassados pelo lado dos norte-americanos, e uma das mais bizarras é a do Complexo de Defesa Stanley R. Mickelsen. 

Em meio à Guerra Fria, o presidente Richard Nixon anunciou a criação do Programa Safeguard, em 1969. A ideia do projeto era construir uma série de bases militares espalhadas pelo território do país capazes de interceptar possíveis mísseis nucleares lançados pela União Soviética. Porém, o plano foi abandonado logo após a conclusão da primeira base, que custou cerca de US$ 6 bilhões. 

No dia 1º de outubro de 1975, os Estados Unidos inauguraram o Complexo de Defesa Stanley R. Mickelsen, localizado perto da cidade de Nekoma, no estado da Dakota do Norte. No dia seguinte, o Congresso Nacional votou pelo encerramento do projeto, alegando ineficiência defensiva. Era o fim mais rápido de uma base militar na história moderna. 

Como e por quê? 

O complexo, que tinha uma imponente pirâmide-radar de 24 metros de altura em seu centro, era equipado com dois tipos de mísseis: o Spartan, desenvolvido para interceptar lançamentos ainda fora da atmosfera terrestre, e o Sprint, que seria utilizado caso o primeiro falhasse, acertando o alvo inimigo já dentro do espaço aéreo norte-americano. 

Ambos levavam ogivas nucleares que desativariam os mísseis soviéticos não por impacto, mas sim pela emissão de radiação. O tempo entre a detecção do perigo e o lançamento defensivo era de apenas 6 segundos, sendo a primeira base construída pelos Estados Unidos com esse objetivo. 

Acontece que, durante os testes, os norte-americanos perceberam que o pulso eletromagnético gerado por suas bombas “cegava” seus próprios radares, impossibilitando a interceptação de outros mísseis que fossem disparados em sequência. Ou seja, não adiantaria nada parar o primeiro, pois o segundo, o terceiro e o quarto, por exemplo, cairiam em solo estadunidense.    

Além da falha técnica, a base somente ficou operacional 3 anos após a assinatura do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos entre Estados Unidos e União Soviética. Pelo acordo, ambas as nações poderiam ter apenas duas instalações capazes de interceptar ogivas nucleares inimigas em funcionamento. Um fator se somou ao outro, e o Stanley R. Mickelsen teve suas verbas cortadas em menos de 24 horas de operação. 

Vitória da paz? 

Se isso não é bizarro o suficiente para você, vale destacar que o Programa Safeguard não foi planejado para proteger, necessariamente, grandes cidades dos EUA, mas sim outras bases militares que poderiam imediatamente lançar contra-ataques sobre os soviéticos. Em 2002, o país abandonou o tratado e hoje conta com inúmeros sistemas de defesa antibalísticos instalados não só nos Estados Unidos, mas também em outras nações aliadas. 

Para completar essa história muito estranha, em 2012 a base desativada foi comprada por US$ 530 mil pelos anabatistas da Dakota do Norte, um grupo cristão pacifista considerado “radical” dentro da Reforma Protestante. Eles vivem como se estivessem no século XVI e são religiosamente proibidos de servir ao Exército. 

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