Odor vaginal, coceira e dor na relação são normais? Descubra!

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Mesmo quando é preciso discutir temas como a região íntima feminina e a sexualidade por questão de saúde, as mulheres têm dificuldade em fazê-lo. Segundo um estudo recente , a cada quatro mulheres, três têm problemas como coceira vaginal e dor na relação, e quase metade delas não procura ajuda para superá-los. Além disso, questões socioculturais fazem com que muitos tratem a região genital feminina como algo “sujo”, especialmente quando o assunto é o cheiro da vagina.

Por ter virado até piada – já que é constantemente comparado a outros odores desagradáveis como o de peixe – o cheiro da vagina é motivo de vergonha para muitas mulheres, além de motivar a expansão do segmento de cosméticos íntimos que, muitas vezes, não fazem nada bem à saúde. Como se não bastassem os produtos, há quem recorra a técnicas bizarras para eliminar o odor, como lavagens internas usando substâncias que, segundo especialistas, devem ficar bem longe dessa mucosa.

Apesar de inúmeros fatores serem capazes de tornar o odor vaginal mais intenso ou desagradável, especialistas em saúde íntima afirmam que tentar eliminá-lo não é nada aconselhável. Isso porque – pasmem – a região íntima feminina (assim como qualquer parte do corpo humano, tanto da mulher quanto do homem) não tem cheiro de flores – e nem deveria ter. Conforme explica Flavia Tarabini, ginecologista da clínica André Braz, esse é o cheiro da secreção vaginal, algo completamente natural para todas as pessoas que têm uma vagina.

O que gera o cheiro da vagina?

Conforme explica a ginecologista, a região íntima feminina possui um fluido que vem do processo constante de descamação pelo qual as paredes vaginais passam. Essa secreção é repleta de micro-organismos naturais da flora vaginal, que incluem tanto os responsáveis por assegurar a saúde da região quanto os que são capazes de gerar doenças, como a bactéria da candidíase, por exemplo.

Segundo Flavia, alguns hábitos ou fatores também naturais do organismo podem fazer com que esse odor natural não permaneça sempre igual. “É importante entender que há um odor vaginal, e que isso é normal. Sua intensidade pode variar conforme o ciclo menstrual, regularidade higiênica e atividade sexual sem uso de preservativo, por exemplo”, explica a ginecologista.

Ela também afirma ser esperado que o cheiro esteja mais intenso quando a mulher fica com a mesma calcinha o dia todo – especialmente se ela incluir exercícios físicos na rotina e se as temperaturas estiverem altas. A obesidade, de acordo com ela, também é outro fator que pode intensificar odores corporais como um todo, já que dobras de pele podem facilitar a proliferação de micro-organismos – que não são necessariamente ruins, mas geram odores.

Por ser algo constante, não é nada difícil encontrar mulheres que fazem uso frequente de produtos destinados à higiene íntima feminina – e, não, não estamos falando apenas de sabonetes. Além deles, é possível encontrar lenços umedecidos, protetores diários (que prometem “deixar a mulher sequinha” mesmo se tratando de uma região naturalmente úmida) e até desodorantes e perfumes, mas, segundo a especialista, nem todos eles prezam pela saúde da mucosa e eles podem inclusive acentuar o cheiro da vagina.

Conforme explica Flavia, alguns dos sabonetes estão liberados e não há problema em usar os outros produtos de forma pontual, mas, se o uso for prolongado, pode gerar uma desarmonia na flora bacteriana do local. A ginecologista Mariana Maldonado concorda e adiciona ainda que, quando essa harmonia é quebrada, as chances de a mulher contrair ou desenvolver uma infecção que têm um odor fétido como sintoma aumentam.

A ginecologista adiciona ainda que, apesar de ser algo mais frequente em crianças, a presença de um corpo estranho também pode acarretar em alterações no cheiro da vagina. Esquecer um absorvente interno no canal vaginal além do período de tempo recomendado, por exemplo, é algo que pode influenciar no odor vaginal (além de ser um hábito perigoso para a saúde).

Como controlar o odor vaginal? 

Apesar de esse cheiro ser algo comum para todas as pessoas que têm uma vagina, manter as características normais dele requer, em primeiro lugar, bons hábitos de higiene que vão, segundo as ginecologistas, muito além do banho. Para começar, é preciso escolher um bom sabonete, que não deve, de forma alguma, ser o mesmo utilizado para o corpo.

“É seguro utilizar sabonetes que possuírem pH mais ácido – entre 4,5 e 5,5 –, próximo ao pH vulvar, e forem hipoalergênicos”, indica a ginecologista, aconselhando utilizar o produto apenas uma vez ao dia. Mariana ainda reforça que, nessa hora, apenas a vulva – parte externa – deve ser lavada, já que tentativas de “limpar” o canal vaginal com duchas e produtos pode desencadear infecções.

Assim como o cheiro da vagina, os pelos pubianos também são algo natural do ser humano e, apesar de a existência deles não ser algo anti-higiênico (afinal, segundo Flavia, eles estão ali justamente para proteger a região do contato com bactérias estranhas ao corpo), a ginecologista afirma que eles requerem atenção especial.

Segundo a especialista, eles ajudam a acumular resíduos de urina, fezes, sangue menstrual e secreções vaginais, e, por isso, quem opta por não depilar a região deve prestar ainda mais atenção com a higiene íntima. Para Mariana, o ideal é aparar os pelos e, caso a pessoa opte por removê-los, evitar a depilação com lâminas enferrujadas ou velhas e cera de procedência desconhecida.

Apesar do uso contínuo de lenços voltados para a higiene íntima , Flavia afirma que, se utilizados apenas ocasionalmente, pode, contribuir para que o cheiro da vagina siga normal. “Eles podem ser um recurso útil quando a mulher estiver fora de casa por um período prolongado, mas é importante evitar fricção e uso demasiado”, explica a ginecologista.

Outra forma de evitar que o odor vaginal fuja de suas características particulares é prevenir doenças. Para isso, além de evitar o uso de produtos impróprios para a higiene íntima, Flavia indica optar por calcinhas de algodão – que diminuem a proliferação de fungos e bactérias – e usar camisinha durante as relações sexuais, já que os preservativos são a única forma de prevenir a transmissão doenças.

De acordo com a ginecologista, quando o cheiro se torna exageradamente desagradável, é sinal de que algo não vai bem. Ela afirma que, normalmente, se há uma doença, o odor fétido vem junto com secreções – que também têm características fora do comum – e desconforto pélvico, mas, ao se deparar com qualquer um desses sintomas, é importante consultar um especialista.

O controle do cheiro da vagina e da saúde da região íntima exige, além de bons hábitos de higiene, uma boa auto-observação. Isso porque, conforme explicado por Flavia, o odor vaginal varia de acordo com o ciclo menstrual, o momento e a temperatura do dia, práticas sexuais e, é claro, a presença de doenças. De acordo com Mariana, conhecer esse aspecto do corpo ajuda a entender quais variações são normais e quais têm “cheiro de problema”.

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