Um pacote de macarrão foi arrematado por R$ 12 mil durante uma quermesse em Ituverava (SP). O alimento foi doado por um fiel de 81 anos, que queria ajudar a arrecadar fundos para a construção do centro paroquial da igreja São João Batista. A informação é do G1.
O gesto humilde de Antônio Vicente da Silva, que vive da aposentadoria de um salário mínimo e da renda das latinhas que cata pela rua, sensibilizou os participantes que foram generosos ao dar os lances.
“Estou feliz que ajudei o padre, eu dei de coração”, diz o idoso. Seu Antônio comprou o macarrão fiado. Os R$ 3 pelo produto só serão pagos em junho, quando ele receber o benefício mensal do INSS.
Frequentador da paróquia, Antônio viu a irmã arrumar um prato com coxas e sobrecoxas de frango como prenda para a quermesse e decidiu que precisava colaborar também. O leilão estava marcado para o sábado (11).
“Ele chegou aqui na cozinha e falou assim pra mim, muito humilde: ‘Ai, eu queria tanto dar uma prenda para a quermesse’. Aí eu falei pra ele: ‘Tonho, eu estou dando essa prenda aqui como Josefa e família. Você está incluído, você é meu irmão’”, diz a aposentada Josefa Gasparina da Silva, de 70 anos.
Após a conversa com a irmã, Antônio jantou, disse que iria à missa e que depois seguiria para a quermesse. Mas, no caminho para a igreja, ele passou na mercearia do Wilson Del Biaqui, de quem é cliente antigo, e comprou o macarrão fiado. O valor de R$ 3 foi anotado na caderneta.
“Não vendo fiado para qualquer um. A gente tem os fregueses de longa data”, diz o comerciante.
Com a sacolinha na mão, Antônio foi até os organizadores da quermesse e entregou ao padre Adailson Ferreira de Oliveira. Ele e os voluntários foram surpreendidos com a chegada do idoso e a prenda.
“Ele falou que queria ajudar o leilão, que ele tinha trazido uma doação. A moça perguntou o que era e ele entregou o pacote. Era o que ele podia dar. Era a única coisa que ele tinha”, conta o pároco.
Lance a lance
O padre Adailson conta que o gesto sensibilizou a equipe. Como todas as outras doações, o pacote de macarrão ganhou um arranjo bonito e foi para a quermesse. Entre os itens a serem oferecidos para os lances estavam cabeças de gado, móveis, pernil, leitoa, o frango da dona Josefa. Tudo o que não pode faltar em uma boa festa.
“Fiz um anúncio do macarrão e expliquei o ato do seu Antônio. Eu falei que nós aceitamos a prenda e íamos usar o mesmo carinho, a mesma atenção, como se fosse um carro zero quilômetro que estivesse sendo leiloado”, lembra o padre.
O que o líder da comunidade não esperava era a reação das pessoas. Assim que foram abertos os lances, o primeiro foi no valor de R$ 200. Surgiram outras propostas, de R$ 400 e R$ 600.
“Todos estavam gritando. Aí chegou a mil reais, R$ 2 mil. Depois, um senhor que estava acompanhando os lances deu R$ 10 mil e um outro deu os R$ 12 mil”, diz o padre ainda eufórico.
O macarrão foi arrematado entre gritos e palmas. O valor pago foi o mais alto entre todas as prendas oferecidas. Abaixo do pacote, uma vaca foi o segundo prêmio mais caro da noite, R$ 10 mil.
“O macarrão ganhou de todos os outros itens. Algo surpreendente para uma quermesse. Uma coisa realmente carregada de sentimento”, diz o padre Adailson.
Responsável pelo lance final, o empresário Walter Gama Terra diz que se sensibilizou com a atitude do aposentado.
“Pensei: se o senhor está doando praticamente tudo o que ele tem, 50% de tudo o que ele tem, eu posso colaborar com um pouco. Foi por isso que eu arrematei esse macarrão por aquele valor. O macarrão eu vou guardar de lembrança.”
Gratidão
No total, a quermesse arrecadou R$ 179 mil. Para concluir o centro paroquial são necessários R$ 350 mil.
No momento em que o macarrão foi arrematado, Antônio já tinha ido embora para casa. Só tomou conhecimento do tamanho da colaboração que tinha dado durante a missa de domingo (12), quando o padre o chamou ao altar para agradecer publicamente o gesto.
“Falei pra ele ‘olha seu Antônio, o senhor ajudou muito mais do que o senhor imaginava. A doação do senhor foi a mais valiosa, nos ajudou muito’”. Foi aplaudido por toda a comunidade.
“Ele é muito caridoso. Faz as coisas na simplicidade, mas com amor. Isso que é importante. A gente fica muito emocionada com a história e não se fala de outra coisa na cidade”, diz a irmã de Antônio.