Um Peixe-Bandeira (Heniochus acuminatus), nativo do Oceano Índico, foi registrado na Laje de Santos, um parque marinho localizado a mais de 40 quilômetros das praias da Baixada Santista. A suspeita é que ele tenha sido transportado por mais de 11 mil quilômetros, até o Atlântico, por meio da água armazenada nos navios cargueiros.
O registro foi feito durante o fim de semana pelo biólogo e mergulhador Eric Comin, que estuda a fauna existente no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. Considerado um santuário por ser um berçário para centenas de espécies de animais, o local tem a pesca proibida e é protegido por leis ambientais.
"É um registro raro, justamente por ser uma espécie exótica, que não é nativa deste oceano. O Bandeira integra a família dos peixes limpadores, que têm por característica estabelecer uma relação de contato com outros animais, para remover tecidos mortos ou parasitas. Neste caso, ele estava com uma tartaruga", explica.
Trata-se do segundo registro da espécie na Laje de Santos. O primeiro ocorreu em 2013 e também foi feito por Comin, cuja aparição resultou em uma publicação científica naquela ocasião. Em 2018, outros pesquisadores relataram a ocorrência desse mesmo animal na costa do Paraná e do Rio de Janeiro.
"A nossa suspeita é que o transporte dessa espécie tenha ocorrido por meio da água de lastro [aquela captada diretamente do mar para os tanques das embarcações para manter a estabilidade] dos navios, ainda quando em fase larval. E se adaptou bem ao ambiente, sem que houvesse alguma rejeição", explica.
Ainda de acordo com o especialista, não existe um estudo científico que constate eventual interação danosa do Peixe Bandeira ao ambiente nativo da costa brasileira. "Mesmo ele vindo de tão longe, foi reconhecido pelos peixes da Laje de Santos como sendo um limpador", pondera Eric Comin.
Nas imagens registradas por ele, o Peixe Bandeira, característicos pelas cores branca, preta e amarela, aparece em meio a um cardume de Salemas (Anisotremus virginicus), de coloração amarelada, que integra a fauna local. Na Laje de Santos, já foram catalogados 196 espécies diferentes de peixes.