Pode parecer contraditório, mas se você acha que está faltando um pouco de felicidade na sua vida, pense nas coisas ruins que poderiam acontecer com você. A ideia paradoxal de ficar feliz pensando em coisas tristes tem a ver com um estudo desenvolvido há 20 anos em Vancouver, no Canadá.
Na pesquisa, um grupo de pacientes com depressão severa e pessimista em relação aos tratamentos pelos quais estava passando foi submetido a um programa de terapia coletiva de oito semanas.
As sessões foram conduzidas pela psicóloga Randy J. Paterson que, ao perceber que o programa não estava seguindo como o esperado, teve uma ideia e passou a perguntar aos pacientes não como eles poderiam melhorar, mas como poderiam ficar piores.
Foi essa mudança de ponto de vista, segundo Paterson, que fez com que as sessões fluíssem mais naturalmente e as pessoas começassem a ficar mais participativas, aumentando consideravelmente a eficácia do processo terapêutico.
“Se você pode isolar as coisas que você faz que deixariam você se sentindo pior, como continuar um comportamento que não ajuda você, então você pode igualmente isolar as coisas que vão fazer com que você se sinta melhor”, explicou a psicóloga.
Focar no que pode nos deixar infelizes tem duas consequências. Primeiro, nos ajuda a criar um mapa real que pode acontecer, pois quando focamos nas coisas que nos deixariam felizes, geralmente nos vemos diante de objetivos mais abstratos e distantes de serem alcançados, especialmente se pensarmos em questões como ter mais dinheiro, viajar pelo mundo, conquistar a pessoa dos nossos sonhos etc. Isso nos deprime.
Por outro lado, se pensamos naquilo que nos deixaria menos felizes, cogitamos possibilidades como dormir pouco, comer coisas ruins, brigar com os amigos. A partir desse raciocínio, vem a conclusão: se tudo isso é capaz de trazer infelicidade, talvez dormir mais, comer melhor e visitar amigos possa fazer exatamente o contrário – e essas são atitudes tangíveis e fáceis de serem colocadas em prática.
Outro caminho sugerido por Paterson é o de enxergar como as coisas realmente poderiam estar piores. Quando percebemos que tudo poderia estar bem pior, acabamos ficando mais felizes com aquilo que temos no momento.