Um pescador de Mongaguá, no litoral de São Paulo, foi surpreendido por um tubarão ao puxar a sua rede de pesca durante o fim de semana. O animal, que pesa cerca de 150 quilos e estava vivo e preso na rede do pescador, causou alvoroço na praia do bairro Vila São Paulo, que fica no limite das cidades de Mongaguá e Praia Grande.
O pescador Juliano Almeida, de 39 anos, tem a pescaria como profissão há, pelo menos, 19 anos. Ele costuma jogar a chamada ‘rede de espera’ que, segundo ele, é quando o pescador arma a rede em um dia e, no outro, volta ao local para puxar e recolher o que pescou em diferentes praias do litoral de São Paulo.
Juliano conta que a rede que pescou o tubarão foi armada a oito quilômetros da faixa de areia, com cerca de 16 metros de profundidade, na sexta-feira (17) à tarde e, no sábado (18), ele e mais três pescadores amigos entraram no barco para puxá-la. “Usamos sempre um barquinho para armar e buscar, porque é muito longe da praia. No sábado, começamos a puxar e logo percebemos que tínhamos pegado algo grande”, explica o pescador.
Apesar de saber que a rede trazia um animal inusitado, Juliano conta que não tinha como ajudá-lo a sair da rede em alto mar. Só seria possível tirar o tubarão em terra firme e, por isso, ele continuou puxando a rede até a praia. “Na areia vimos que era um tubarão da espécie mangona e ficamos eufóricos. Na viagem, do alto mar até a praia, infelizmente ele ficou debilitado”, conta.
Apesar de ter ficado bastante surpreendido, o pescador afirma que essa situação, apesar de bastante rara, já aconteceu algumas outras vezes nas praias da Baixada Santista. "Geralmente isso acontece entre novembro e fevereiro. Nessa época do ano eles acabam se aproximando mais da costa e correm o risco de acabarem sendo capturados", explica.
Já na praia, turistas e moradores pararam para ver o animal ser retirado da rede e pesca. Juliano teve a ajuda de outros pescadores locais para conseguir soltar o tubarão mas, quando conseguiram, ele já estava sem vida. “Vendemos para uma banca de pesca artesanal local. O dinheiro foi dividido entre os outros três pescadores que estavam comigo”, explica Juliano.
Carlo Mageta Cunha, professor do curso de Ciências Biológicas da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), diz que a espécie mangona é comum na região do litoral de São Paulo por gostar de águas rasas. "Ele não é agressivo e não oferece riscos para os banhistas", alerta.
Segundo o professor, o tubarão mangona chega a 4 metros de comprimento e pode pesar até 200 quilos. "A pesca de 'espera' não é ilegal nos mares da nossa região e pode acontecer mesmo de um pescador puxar o animal. Já aconteceu outras vezes. Apesar da espécie ser protegida nos Estados Unidos, no Brasil não é", finaliza Carlo.