Você pode não perceber, mas o mundo é pensado para os destros, ou seja, aquelas pessoas com maior habilidade com a mão direita. Apesar de os canhotos representarem de 10% a 12% da população, a maior parte das tecnologias não é adaptada para essa parcela. E se engana quem acha que a definição de destro ou canhoto acontece no cérebro: na verdade, é na coluna vertebral!
Pesquisadores da Alemanha, da Holanda e da África do Sul publicaram um artigo na revista eLife mostrando que a determinação de qual mão vamos usar mais acontece antes mesmo de a gente nascer – e não tem nada de disfunção neurológica ou mutação cerebral envolvidas. Ao analisar os genes da medula espinhal durante o desenvolvimento dos fetos, entre a 8ª e a 10ª semana de gestação, os cientistas notaram que uma assimetria pode resultar em pessoas canhotas.
Essa assimetria nunca tinha sido detectada anteriormente. Até hoje, acreditava-se que o hemisfério cerebral com maior atividade acabaria influenciando na destreza – ou “canhoteza”, tum tum tss – da pessoa. A atividade na coluna espinhal acontece muito antes de o córtex motor, a parte do cérebro responsável pelos movimentos, estar de fato ligado à coluna.
Além disso, essa atividade ocorre em regiões da medula responsáveis pelos impulsos elétricos das mãos, dos braços, das pernas e dos pés. Assim, uma assimetria na área pode ser a responsável por determinar se nasceremos destros ou canhotos.
Essa assimetria não é influenciada por fatores genéticos nem por mutações: ela ocorre devido a fatores ambientais, ou seja, epigenéticos. Quais são esses fatores ainda é uma incógnita, mas acredita-se que eles alteram algumas enzimas durante a gestação, influenciando na maneira como os genes se expressam depois de virmos ao mundo.