Fundamental para o funcionamento pleno do organismo, o coração é responsável por alimentar todos os órgãos com a quantidade necessária de sangue para que eles exerçam suas funções adequadamente. Mas, se alguma coisa acontecer e o coração parar, o corpo inteiro deixa de receber sangue e as funções começam a falhar. Então, você já parou para pensar quanto tempo conseguimos resistir quando nosso coração para de bater?
A questão está longe de ser simples e a resposta não pode ser resumida em uma fração de tempo qualquer. Para entendermos melhor o que acontece no organismo humano quando o coração para de bater e como funciona o processo de reanimação, Scott, que é colunista do Today I Found It, explicou todos os detalhes, e nós selecionamos as principais informações para você.
Como tudo funciona?
Os procedimentos de reanimação cardiorrespiratória variam de acordo com cada paciente – as doenças que ele tem, os remédios que ele toma, seu histórico familiar e principalmente o motivo que fez com que seu coração parasse precisam ser levados em consideração. Todos esses fatores fazem com que o tempo de resistência da pessoa varie e, por consequência, aumentam ou diminuem o período pelo qual os médicos podem tentar a reanimação.
Por esse motivo, a regulamentação atual da American Heart Association (AHA) recomenda que a pessoa seja reanimada até que sua temperatura corporal seja inferior a 35 °C, já que isso define um quadro de hipotermia. Caso contrário, as mais diversas soluções podem ser tomadas, pois, mesmo com o coração parado, a pessoa pode ter chances de sobreviver.
A rapidez com que a reanimação começa a ser feita, a qualidade dessa reanimação e os tipos de medicamentos administrados durante o processo também têm grande influência no sucesso da operação.
Depois que o coração para
A reanimação cardiorrespiratória é o primeiro passo a ser dado quando alguém está em correndo risco, justamente porque é preciso reestabelecer o fluxo sanguíneo no cérebro. Ao operar uma reanimação, o médico deve considerar qual é a probabilidade do tempo transcorrido ter afetado o cérebro, o que pode causar danos permanentes.
Em geral, Scott explica que as células cerebrais começam a morrer depois de 4 a 6 minutos sem receberem sangue. Depois de 10 minutos da interrupção do fluxo, as células param de funcionar e podem ser consideradas mortas.
Ainda, é importante levar em consideração que o coração precisa de algum tipo de estímulo elétrico para que possa voltar a pulsar adequadamente. Isso pode ser feito com a ajuda de um desfibrilador, que libera um choque diretamente sobre o peito, ou com o auxílio de um marca-passo externo, que serve para tentar criar batimentos cardíacos estáveis. Esses métodos associados à reanimação cardiorrespiratória costumam ser suficientes para recuperar a vida de uma pessoa.
Se a vítima responder adequadamente aos estímulos, é possível seguir com a reanimação mesmo que isso leve 40 minutos ou mais. Mas se todas as alternativas se mostrarem em vão e o médico acreditar que o tempo transcorrido pode ter causado danos ao cérebro, então é possível que ele interrompa o socorro em 20 ou 30 minutos.
O papel dos medicamentos
Além das técnicas de reanimação e os estímulos elétricos, os profissionais também podem lançar mão de alguns medicamentos na tentativa de restituir os batimentos cardíacos. Mais uma vez, é preciso analisar os detalhes do caso e a resposta da vítima aos procedimentos aplicados antes de tomar uma decisão. Também é preciso levar em consideração o tempo que a substância precisa para fazer efeito no organismo. Conheça alguns dos medicamentos e seus usos mais comuns:
Epinefrina – combinada com a massagem cardíaca, a substância leva de 1 a 2 minutos para reagir e perde sua eficácia depois de 5 minutos. A AHA recomenda a aplicação de uma dose a cada 5 minutos durante o procedimento de reanimação. O medicamento permite que a reanimação seja feita até que se constate a ocorrência de dano cerebral ou não seja possível notar nenhuma diferença na função elétrica cardíaca. Nesses casos, o processo pode durar até 20 minutos.
Vasopressina – essa substância leva cerca de 20 minutos para começar a agir. Isso faz com que a reanimação precise ser feita por pelo menos 20 minutos, que é quando o medicamento passa a fazer efeito. Se houver uma boa resposta da função elétrica cardíaca, é possível continuar o procedimento por mais tempo.
Amiodarona e Lidocaína – esses são mais dois medicamentos recomendados pela AHA que podem ser administrados junto com a epinefrina. A amiodarona começa a agir entre 10 e 15 minutos, enquanto a lidocaína precisa de apenas 2 a 5 minutos para surtir efeito. É possível administrar essas drogas até atingir a dosagem máxima permitida. A amiodarona é aplicada em uma grande dose, que pode ser repetida em quantidades menores até o coração reagir. Já a lidocaína geralmente é utilizada em três doses. Por terem um tempo de ação e dosagem variadas, essas substâncias resultam em um processo de reanimação mais longo que depende das respostas da vítima.
Em qualquer um dos casos, cabe ao médico que presta atendimento escolher até onde é possível reanimar uma pessoa. Não há um método correto, e a análise adequada do histórico de cada vítima é fundamental para que tudo dê certo, mas a decisão sempre será subjetiva.
Mas por quanto tempo resistimos, afinal?
Como você já deve ter entendido, as células cerebrais determinam até onde é possível lutar por uma vida. Em hospitais, é comum que os médicos tentem a reanimação de 20 a 40 minutos, mas sempre vai depender de cada situação.
Depois de tamanha explicação e para não nos deixar sem uma resposta, Scott arrisca dizer que sua experiência pessoal lhe mostrou uma pessoa é capaz de resistir por uma média de 20 minutos depois que seu coração para de bater. Mas, quando se trata de saúde, tudo pode acontecer.