Já aconteceu com você de dividir o quarto com alguém e acordar assustado no meio da noite com essa pessoa conversando animadamente ou falando coisas sem sentido e incompreensíveis durante o sono?
Esse comportamento recebe o nome de “sonilóquio” e, segundo os especialistas, se refere a um distúrbio benigno que ocorre com mais frequência na infância e entre homens.
Entretanto, de acordo com Christian Cotroneo, do site Mother Nature Network, os cientistas não sabem explicar muito bem o motivo de as pessoas falarem durante o sono e dizem que, pelo menos tecnicamente, esse distúrbio não deveria acontecer, uma vez que, durante o sono, essa função deveria estar “desligada”. Mas existem teorias sobre o que desencadeia o falatório noturno.
Blá, blá, blá
Segundo Christian, durante o sono, quando sonhamos, os neurônios entram em atividade, e o cérebro envia uma porção de ordens ao nosso corpo, quase como acontece quando ainda estamos acordados.
No entanto, como os músculos que funcionam de forma voluntária são “desativados” ao entrarmos na fase do sono conhecida como REM, o nosso corpo fica quietinho e em repouso. Aliás, esse mecanismo é superimportante, já que evita que a gente saia por aí realizando os mesmos movimentos que estaríamos fazendo nos nossos sonhos — e potencialmente coloque a própria vida em risco.
Contudo, pode acontecer de os músculos que se movimentam de forma voluntária não serem paralisados como deveriam. Então, segundo os cientistas, é aí que os dorminhocos podem apresentar o sonilóquio, assim como outros distúrbios do sono, como contrações, sonambulismo e terror noturno.
Se você é um desses tagarelas noturnos ou conhece alguém que apresenta esse quadro, não se preocupe, pois, conforme mencionamos no comecinho da matéria, falar durante o sono é um distúrbio benigno — e, no fundo, é mais incômodo mesmo para quem dorme junto ou divide o quarto com o dorminhoco falante.
Curiosidades
Apesar de o sonilóquio ser mais comum na infância, e geralmente desaparecer na puberdade, cerca de 5% dos adultos continuam apresentando o quadro ao longo da vida.
Os falatórios podem acontecer todas as noites ou apenas ocasionalmente, e alguns fatores podem contribuir para que ele aconteça na vida adulta, como o estresse, a falta de sono, a depressão e o abuso do álcool.
De acordo com Christian, uma característica comum em quem apresenta o sonilóquio é o fato de o conteúdo das conversas não fazer muito sentido, isso quando o que é dito é inteligível. Ademais, não é raro que o tagarela fale com uma voz ou um sotaque diferente do normal ou soe como se estivesse bravo, feliz, triste etc., o que está relacionado com o sonho que a pessoa está tendo.
Outra coisa interessante é que, pelo menos no EUA, as confissões que acontecem enquanto uma pessoa está dormindo não podem ser consideradas como provas legais em processos, uma vez que os especialistas entendem que o que é dito mão é o produto de uma mente racional ou consciente.
Por último, só uma curiosidade divertida: um dos dorminhocos mais tagarelas de que se tem registro é um compositor norte-americano chamado Dion McGregor. E como sabemos disso? O cara teve um companheiro de quarto que, de tanto ser acordado durante a noite com o falatório, resolveu passar o tempo gravando as conversas de Dion e compartilhá-las em um site chamado “The Dream World of Dion McGregor (He Talks in His Sleep)” — ou “O Mundos dos Sonhos de Dion McGregor (Ele Fala Enquanto Dorme)”!