De tempos em tempos, a comunidade científica divulga novos resultados e conclusões sobre os efeitos do álcool no nosso cérebro. Certamente você já conferiu a opinião de especialistas que acreditam que o consumo moderado de algumas bebidas alcoólicas – como o vinho, por exemplo – podem até mesmo trazem benefícios. Por outro lado, alguns profissionais criticam a ingestão desse tipo de produto sob o argumento de que o álcool é capaz de acabar com os neurônios.
De fato, o álcool etílico puro é capaz de matar nossas células cerebrais e muitos outros tipos de células – é isso que faz dele um excelente desinfetante. Porém, o site Today I Found Out aponta que um estudo revelou que a quantidade de álcool que uma pessoa consegue consumir (sem se matar, é claro!) não é suficiente para que a substância que circula na corrente sanguínea destrua os neurônios.
Essa conclusão é corroborada por um estudo realizado por Grethe Jensen e sua equipe (1993), que contaram os neurônios presentes em amostras de alcoólicos e não-alcoólicos. O que eles descobriram é que não havia uma diferença real na densidade nem no número de neurônios presentes nos dois grupos.
Vantagens e desvantagens
Muitos outros estudos chegaram às mesmas conclusões que Jensen. Porém, mesmo que os alcoólatras continuem ingerindo quantidades excessivas de bebidas, certamente eles não verão seus neurônios morrer por esse motivo. Embora o álcool realmente afete o cérebro – positiva e negativamente – o que ele certamente não faz é aniquilar suas células.
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A ingestão regular de quantidades moderadas de álcool já demonstrou impactos positivos no organismo. Um deles é a diminuição da perda das funções cognitivas ao longo dos anos. De acordo com um estudo realizado pela Università Cattolica del Sacro Cuore, na Itália, 29% das pessoas com 65 anos ou mais que quase nunca beberam álcool ao longo da vida apresentavam debilidade. Já entre aqueles que consumiram bebidas alcoólicas moderadamente durante a vida, apenas 19% demonstrou alguma dificuldade cognitiva.
Talvez o grande interesse dos pesquisadores em entender os malefícios que o abuso do álcool traz para o organismo seja o responsável por uma lista muito mais extensa de desvantagens. Tratando somente da questão com relação ao cérebro, embora os neurônios não sejam destruídos devido ao excesso de álcool, sabe-se que isso é capaz de inibir a habilidade de comunicação entre as células. O que acontece na prática é que o álcool acaba danificando os dendritos, que são as partes mais externas dos neurônios que têm como função transmitir os estímulos eletroquímicos entre as células.
Os efeitos no cérebro
Uma possível explicação para que os efeitos do consumo excessivo do álcool não sejam sentidos rapidamente no cérebro pode ser porque temos uma quantidade enorme dessas células – cerca de 100 bilhões de neurônios e mais algumas dezenas de bilhões de células de glia, que proporcionam suporte e nutrição para os neurônios.
Além disso, sabe-se que mesmo com pessoas que consomem quantidades excessivas de álcool há muitos anos, o simples fato de parar de beber é suficiente para que o corpo possa reverter a maior parte dos danos causados aos dendritos e reestabelecer a comunicação entre as células.
Outro efeito colateral da ingestão de grandes quantidades de álcool é que – embora a substância não vá destruir seus neurônios – ela é capaz de inibir o crescimento de novas células. Da mesma maneira que acontece com os dendritos, uma pesquisa realizada com ratos demonstrou que quando o produto para de ser introduzido no organismo novas células voltam a se formar.
Porém, se o individuo não der uma pausa para que o organismo possa se recuperar, beber muito e com regularidade pode causar danos permanentes ao cérebro pela falta do crescimento de novas células durante períodos extensos, mas a ciência ainda não se aprofundou nesse assunto.
A conclusão que podemos tirar disso tudo é que ainda é preciso fazer muitos estudos para determinar outras consequências que o álcool pode ter no cérebro humano. Mesmo sabendo que os neurônios não morrem devido ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, apenas o risco de danificar as células ou impedir o crescimento de novos neurônios deveria ser alarmante o suficiente para que todos nós buscássemos a moderação na hora de beber.