Uma vala comum com os restos mortais de 215 crianças foi encontrada no Canadá em uma antiga escola residencial criada para estudantes indígenas.
As crianças eram alunos da escola residencial indígena Kamloops, na British Columbia, que fechou em 1978.
A descoberta foi anunciada na quinta-feira (27) pelo chefe da Primeira Nação Tk'emlups te Secwepemc. O primeiro-ministro Justin Trudeau disse que esta era uma "dolorosa lembrança" de um "capítulo vergonhoso da história de nosso país".
As escolas residenciais do Canadá eram internatos obrigatórios administrados pelo governo e autoridades religiosas durante os séculos 19 e 20 com o objetivo de assimilar à força os jovens indígenas à cultura europeia.
A escola residencial indígena Kamloops era a maior neste sistema. Aberta sob administração católica em 1890, a escola chegou a ter 500 estudantes em seu auge, nos anos 1950.
O que se sabe sobre os restos mortais?
A Primeira Nação Tk'emlups te Secwepemc disse que os restos mortais foram encontrados com a ajuda de um radar de penetração no solo durante uma pesquisa na escola.
"Pelo que sabemos, essas crianças desaparecidas morreram sem documentação", disse Casimir.
"Alguns tinham apenas três anos de idade."
"Buscamos uma forma de confirmar isso com o mais profundo respeito e amor por aquelas crianças perdidas e suas famílias, entendendo que Tk'emlups te Secwepemc é o lugar de descanso final dessas crianças."
Qual foi a reação?
A reação à descoberta foi de choque, tristeza e arrependimento.
"As notícias de que restos mortais foram encontrados na antiga escola residencial Kamloops partem meu coração", escreveu Trudeau no Twitter.
A ministra canadense das relações indígenas, Carolyn Bennett, disse que as escolas residenciais eram parte de uma política colonial "vergonhosa". O governo se comprometeu a "homenagear aquelas almas inocentes perdidas", disse ela.
O que eram as escolas residenciais?
De cerca de 1863 a 1998, mais de 150.000 crianças indígenas foram tiradas de suas famílias e colocadas nessas escolas.
Frequentemente, as crianças não tinham permissão para falar sua língua ou praticar sua cultura, e muitas eram maltratadas e abusadas.
Uma comissão lançada em 2008 para documentar os impactos desse sistema descobriu que um grande número de crianças indígenas nunca voltou para suas comunidades de origem.
Em 2008, o governo canadense se desculpou formalmente pelo sistema.
O Projeto Crianças Desaparecidas documenta as mortes e os locais de sepultamento de crianças que morreram enquanto frequentavam as escolas. Até o momento, mais de 4.100 crianças que morreram enquanto frequentavam uma escola residencial foram identificadas, diz o relatório.
Essas informações são da BBB.