“Robô mais moderno do mundo” tira câncer de fígado no Paraná

Robô Da Vinci XI possui quatro braços, telecomandados pelo cirurgião que permanece na mesa de controle. Pacientes afirmam ter sentido menos dor, além da recuperação ser mais rápida.

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Suzana Nemeth, de 79 anos, foi a primeira paciente no Sul do Brasil  a fazer uma cirurgia de retirada de câncer no fígado - a hepatectomia - com o uso do robô "Da Vinci XI", considerado o mais moderno do mundo, segundo o Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG). 

A idoso informou em reportagem ao G1 Paraná que teve trombose na perna, e ela foi parar no pulmão. “Nos exames apareceram os problemas. A cirurgia foi no começo de outubro. A cicatrização a gente nem nota, nem se vê, parece só um risquinho. Fiquei no hospital menos de uma semana", contou.

Suzana Nemeth mora em Paranaguá, no litoral do Paraná, e se deslocou até a capital para fazer o procedimento no HNSG. Conforme o médico Eduardo José Brommelstroet Ramos, que comandou a cirurgia, Suzana está muito bem, fazendo apenas quimioterapia via oral.

Reprodução/ HNSG

"Para fazer corte em uma paciente obesa, que usa anticoagulante, tem muito mais risco do que fazer pequenas incisões. A última fronteira sempre é o fígado e o pâncreas, que são cirurgias mais complexas, com chances maiores de sangramento e complicações. Ser operada na forma robótica trouxe apenas benefícios e segurança para ela", comentou.

Outras duas cirurgias com o Da Vinci XI, feitas no HNSG, foram pioneiras no estado, como:

  • A primeira cirurgia bariátrica, realizada pelo cirurgião do aparelho digestivo Giorgio Baretta;

  • A primeira retirada de câncer no pulmão, feita pelo cirurgião torácico Adrian Schner;

"Principalmente para os pacientes oncológicos, eu acho que é muito importante que o quanto antes eles se recuperam do procedimento cirúrgico, porque assim eles ficam habilitados para encarar o resto do tratamento mais rápido. A recuperação da cirurgia com robô permite que não se atrase o tratamento complementar, assim as chances de cura são maiores ainda", comentou Schner.

Como funciona o robô?

O Da Vinci XI foi implantado em março deste ano no hospital e funciona por meio de controles manuais, que permitem ao cirurgião telecomandar os quatro braços robóticos e, assim, alcançar órgãos de difícil acesso. Desta forma, o robô evita cirurgias convencionais abertas e apenas simula os movimentos delas. Segundo os médicos, a duração dos procedimentos é um pouco menor.

"A vantagem do robô é, primeiramente, a ergonomia do cirurgião, ele trabalha sentado na mesa de controle. A câmera pela qual a gente têm acesso ao paciente nos dá uma visão 3D. As pinças do robô são articuladas como se fossem o punho do cirurgião. Isso permite que a cirurgia fique mais precisa, menos traumática, com menor incidência de sangramento, de dor, uma recuperação mais rápida e, até mesmo, uma alta hospitalar mais precoce", explicou o médico Giorgio Baretta.

Caso o cirurgião tire o rosto da tela de controle, o robô para automaticamente, segundo o hospital. Além disso, outros profissionais ficam ao lado do paciente para atender a eventuais necessidades. "Com a tecnologia robótica, a gente acaba tendo que ter a parte anestésica igual, mas a equipe cirúrgica diminui, em geral fica um auxiliar em campo e um instrumentador", pontuou Adrian Schner.

Para utilizar o robô, os médicos precisam ser certificados e, para isso, passam por cursos teóricos, além de treinamentos práticos e em simuladores fora do país, de acordo com a unidade.

Reprodução/ HNSG

"Eu, por exemplo, já estava fazendo cirurgias assim em São Paulo e como sou de Joinville (SC), ficou mais próximo para ir fazer em Curitiba. O robô é muito melhor que qualquer outro dispositivo, que a cirurgia convencional e até mesmo a cirurgia por vídeo", concluiu Schner. O HSNG não informou qual foi o valor do investimento para implantar o robô mais moderno na unidade.

Especialidades e custos

De acordo com o hospital, entre as especialidades beneficiadas com o robô Da Vinci XI também estão:

  • Urologia

  • Ginecologia

  • Cirurgia do aparelho digestivo

  • Cirurgia cardiotorácica

  • Cirurgia bariátrica

  • Otorrinolaringologia

  • Algumas indicações de neurocirurgia.

Os médicos apontam que apesar das novas tecnologias revolucionarem a medicina, elas também exigem um maior investimento, tanto dos hospitais quanto dos pacientes. Uma cirurgia com o robô custa, pelo menos, o dobro de uma convencional.

Reprodução/ HNSG

"O robô encarece bem o procedimento se comparado com a laparoscopia normal, e o convênio também não cobre. Mas, eu acredito que nos próximos anos essa tecnologia vai estar muito mais em conta, mais acessível a população e vai fazer parte, inclusive, do treinamento do médico residente", disse Giorgio Baretta.

Uma curitibana, de 17 anos, que preferiu não se identificar, realizou em 10 de outubro a cirurgia bariátrica. Segundo a menina, as cicatrizes estão quase sumindo.

"Foi mais tranquilo do que eu imaginava. Dor mesmo só senti quando eu cheguei no quarto logo após a cirurgia, mas já me deram morfina e passou. Minha vida já está normal, retornei com todas atividades cotidianas, até indiquei para a minha amiga e talvez ela vá fazer também. O custo a mais compensou, não pensaria duas vezes", relatou.

 

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