Cientistas revelaram que uma rocha vulcânica encontrada no deserto do Saara em 2020 tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos, ou seja, sua formação é mais antiga do que a própria Terra. Com isso, tornou-se o exemplar mais primitivo de magma do espaço já localizado, afirma um estudo recente, publicada no periódico PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, neste mês.
O meteorito Erg Chech 002, ou EC 002, pode ter se formado a partir da crosta de um protoplaneta, ou seja, um grande corpo rochoso em desenvolvimento, conhecido como um "planeta bebê", que foi destruído. Outra possibilidade é que ele tenha sido absorvido por planetas rochosos maiores durante a formação do sistema solar, informou o portal de notícias "Live Science" nesta segunda-feira, dia 8.
Entre os milhares de meteoritos de rochas vulcânicas, o EC 002, achado na Argélia em maio de 2020, se destacou na percepção dos pesquisadores, que classificaram-no como um acondrito, um tipo de meteorito originário de um corpo com crosta e núcleo distintos. Após a compará-lo com 10 mil objetos no banco de dados do Sloan Digital Sky Survey, a equipe, formada por especialistas de universidades francesas e uma japonesa, viu que ele era "claramente distinguível de todos os grupos de asteróides".
"Nenhum objeto com características espectrais semelhantes ao EC 002 foi identificado até o momento", afirma a pesquisa.
Os cientistas observaram que, enquanto a maioria tem origem em lava resfriada rapidamente, rica em ferro e magnésio, a composição do EC 002 indica que a crosta de onde veio era feita de andesita que, por sua vez, é rica em sílica. O estudo concluiu que a rocha veio de um reservatório de magma parcialmente derretido na crosta de seu "planeta bebê", há 4,565 bilhões de anos, isto é, "apenas" 2 milhões de anos após a formação do sistema solar. Eles acreditam que o estudo deste tipo de meteorito ajude a entender como ocorre a formação dos planetas.
“Este meteorito é a rocha magmática mais antiga analisada até hoje e lança luz sobre a formação das crostas primordiais que cobriam os protoplanetas mais antigos”, relataram os autores do estudo.
Ainda que o meteorito seja avaliado como raro, os cientistas acreditam que crostas de andesita infundidas com sílica eram comuns durante o estágio de formação de protoplaneta no sistema solar.
No entanto, os planetas bebês podem ter sido amplamente despedaçados em colisões com outros corpos rochosos, ou absorvidos por planetas maiores, como a Terra, Marte, Vênus e Mercúrio, deixando poucos vestígios para gerar meteoritos como o EC 002.
"Restos da crosta andesítica primordial são, portanto, não apenas raros no registro do meteorito, mas também são raros hoje no cinturão de asteróides", escreveram os cientistas.