O dia 9 de abril de 2000 foi marcado por uma enorme tragédia que ocorreu em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. A triste morte de um menino que foi atacado e devorado por leões deixou o país impactado na época.
José Miguel dos Santos Fonseca Júnior, o Juninho, como era carinhosamente apelidado por seus familiares, estava em um circo instalado no estacionamento do Shopping Center Guararapes, localizado no bairro de Guararapes.
No entanto, o dia que deveria ser repleto de diversão e alegria tornou-se em um grande pesadelo e o que ocorreu naquele triste domingo certamente jamais foi esquecido pelas 3 mil pessoas que presenciaram o momento.
O incidente
Naquele dia, o espetáculo começou 10 minutos atrasado e, após alguns números, houve uma pausa de 20 minutos para que as montagens das jaulas fossem realizadas, uma vez que os leões seriam a atração seguinte.
Conforme relatado pela Folha em 2001, durante essa pausa, as crianças foram convidadas pelo locutor para tirar fotos com os animais presentes, de modo que José Fonseca, o pai de Juninho, levou o menino e sua irmã mais nova, Mirella, de três anos, para a parte interna.
No entanto, após as fotos e enquanto voltavam para seus lugares, um dos leões puxou o menino com a pata de dentro da jaula. Ele o arrastou para um túnel que servia de conexão entre as jaulas e o picadeiro até levá-lo para um local onde se encontravam outros leões que aguardavam pelo início da apresentação.
Eram 19h e as 3 mil pessoas que assistiam o espetáculo presenciaram os gritos do menino, de forma que houve um enorme tumulto no circo. "Minha menina viu o irmãozinho ser arrastado", relatou o pai na época.
Imagem meramente ilustrativa de leão em circo - Getty Images
"O leão colocou as duas patas para fora da jaula, puxou o menino para dentro, abocanhou a cabeça e balançou o garoto. Aí, os outros leões o atacaram", explicou Severino Ferreira da Silva em 2000, quando presenciou o episódio.
A polícia militar chegou ao local às 20h e, inicialmente, tentou afastar os animais do corpo da criança, atirando para o alto. Como não conseguiram, os policiais atiraram em dois dos leões, matando-os. Outros dois animais foram mortos mais tarde. Apenas um leão, que tinha sete meses de idade, sobreviveu. Os restos mortais do menino foram removidos do local somente às 23h45.
Maria da Conceição, a mãe da criança, era separada de José, pai de Juninho, e estava em outro relacionamento. Ela estava grávida de oito meses e, quando recebeu a notícia da morte do filho, teve de ser hospitalizada.
Investigações
A partir de uma necropsia realizada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, constatou-se que não havia nada no estômago dos animais e que eles não haviam sido alimentados por três dias. No entanto, os especialistas afirmaram que os animais não teriam agido devido à fome, mas por instinto.
Ainda de acordo com a reportagem da Folha, o então perito do Instituto de Criminalística, José Nemésio de Sena, explicou que o vão da grade da jaula, que era de 10 cm, abriu para 16 cm com a força do leão. Para ele, havia falhas de segurança, como a ausência de uma grade de proteção perto da jaula. Além disso, o túnel no qual se encontrava a jaula estava amarrado com cordas de náilon, mas deveria ser com barras de ferro.
Desfecho do caso
Conforme documentado pelo JusBrasil, o Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco condenou o circo a pagar uma indenização de um milhão de reais para os pais de Juninho.
Além disso, foi determinado o pagamento de uma pensão no valor de dois terços de um salário mínimo até que se cumprisse a data em que o menino completaria 25 anos e, após esse período, no valor de um terço até os 65 anos. No entanto, a empresa recorreu na justiça e a indenização milionária foi reduzida para R$ 275 mil.