Todo mundo tem em casa aquela caixa onde ficam guardados os remédios que sobram ao longo do tempo. Quando bate aquela dor de cabeça ou má digestão, antes de ir até uma farmácia, o primeiro impulso é procurar saber se já não tem o tratamento disponível em casa. Quase sempre achamos o medicamento necessário, mas e se ele estiver vencido?
Cada país possui uma legislação específica sobre validade de remédios, porém são os fabricantes que determinam o prazo. Em entrevista concedida à BBC Mundo, o diretor de farmacologia da Clínica Universidad de Navarra, José Ramón Azanza, explicou que a maior parte dos produtos possui um prazo de validade de 2 anos, mas a Organização Mundial da Saúde estipula que esse tempo pode ser de até 5 anos.
Excluindo remédios com princípios ativos mais instáveis ao longo do tempo, como insulina ou antibióticos, em geral os fármacos mantém suas propriedades por um período muito maior do que o indicado na caixa.
As datas são determinadas através de análises, onde o laboratório responsável garante que naquele período os princípios ativos funcionarão como descrito na bula. Após a validade os remédios ainda podem fazer efeito, mas sua eficácia talvez não seja mais a mesma.
Especificações controversas
Há alguns anos o Dr. Lee Cantrell, professor de farmácia clínica em San Diego, teve a rara oportunidade de analisar remédios fabricados há quarenta anos. Dentre os objetos de estudo estavam anti-histamínicos, analgésicos e pílulas para emagrecimento. Os resultados foram publicados em um estudo de 2012, onde ele chegou à conclusão de que alguns dos medicamentos ainda apresentavam eficiência total em seus princípios ativos.
As chances de contaminação por ingestão de um medicamento que ultrapassou sua data de validade são muito pequenas, segundo Azanza, mas mesmo assim isso não é impossível. Na maior parte das vezes o pior que pode acontecer é a não obtenção dos efeitos desejados.
Colírios são um caso à parte e, após utilizados pelo período determinado pelo médico, Azanza diz que eles devem ser descartados mesmo dentro do prazo de validade. Outro remédio comum e que precisa de cuidado especial é a aspirina, pois o ácido acetilsalicílico, seu componente ativo, forma com o tempo o salicilato, que é abrasivo e não deve ser consumido por via oral.
No fim das contas, o recomendável é sempre consultar um especialista sobre a data de validade de um medicamento. Na falta dessa possibilidade, comprar um dentro do prazo é a melhor saída para não correr o risco de transformar um pequeno problema em algo muito maior.