Cientistas da Universidade do Texas (Estados Unidos) revelaram em estudo publicado originalmente na revista Evolution, que espécies de dinossauros exibiam diferentes colorações em partes do corpo para atrair parceiros sexuais. O mecanismo adaptativo é similar ao encontrado em pássaros como pavões, pombos e galos.
A conclusão compartilhada pelos pesquisadores teve como base análises do corpo de parentes vivos de dinossauros — incluindo tartarugas, crocodilos e mais de quatro mil espécies de pássaros —, além de um antigo arcossauro que viveu perto do início do período Triássico, entre 252 e 201 milhões de anos atrás.
De acordo com as observações, um ancestral comum desses grupos tinha 50% de probabilidade de apresentar uma coloração brilhantes nos tecidos moles da pele, bicos e escamas, enquanto tinha 0% de chance de apresentar tons vivos em garras e penas.
As reconstruções filogenéticas — método científico usado para investigar a evolução das espécies — determinaram que as cores brilhantes eram derivadas, na maior parte, de pigmentos carotenoides, com maior incidência das cores vermelha, laranja e amarela. Normalmente extraídas a partir da dieta alimentar baseada em fontes vegetais e carnívoras, o hábito fazia com que espécimes que mantivessem a substância em suas rotinas fossem mais propensos a desenvolver coloração.
“Os primeiros dinossauros eram do tamanho de um pônei e comiam grandes presas vertebradas”, diz a coautora Julia Clarke, professora da Jackson School. “Diferentes grupos mudaram para dietas dominadas por plantas ou misturadas. Essa rotina provavelmente levou a mudanças na coloração da pele e dos tecidos que não são de penas. Há muito mais a se pensar sobre a cor das aves para além de sua plumagem — basta pensar na projeção amarelo-laranja vibrante de um tucano.”
Cores vivas em nova perspectiva
Sarah Davis, autora principal do estudo, comentou que até então quase todo o espaço amostral de pássaros antigos analisados no projeto haviam sido classificados como monocromáticos em teses anteriores. Porém, detalhes que se perpetuaram em novas espécies sugerem que parentes distantes apresentavam manchas corporais que se destacavam no ecossistema, chamando a atenção de parceiros evolutivos.
Estima-se que cerca de 54% das 4.022 espécies de pássaros estudadas tinham cores brilhantes em diferentes proporções, com 86% delas expressando tons vivos apenas em tecidos não franjados, ou seja, onde há ausência de penas. “Este estudo desvenda a história evolutiva da coloração à base de carotenoides não apenas na plumagem, mas também no bico e na pele das aves e seus parentes”, comenta Clarke.
“Pássaros vivos usam uma variedade de pigmentos e podem ser muito coloridos em seus bicos, pernas e ao redor dos olhos”, conclui a líder do projeto. “Poderíamos esperar que os dinossauros extintos expressassem as mesmas cores.”