Charlie Chaplin, o mago do riso, encantou o mundo com suas palhaçadas no cinema, tornando-se um ícone da comédia e um dos mais importantes símbolos culturais do século XX. No entanto, por trás da maquiagem e das trapalhadas, residia uma sombra perturbadora que muitos que o conheciam pessoalmente testemunharam: um Chaplin descrito como insensível, explorador e sádico. Além disso, sua vida amorosa era marcada por casos tumultuados, cuja predatória natureza beirava a ilegalidade.
PRIMEIRO CASAMENTO - A primeira esposa do artista foi a atriz Mildred Harris. Ela tinha 16 anos e ele, 26, quando se casaram em 1918. No entanto, o casamento acabou em 1920. O casal teve um filho que morreu três dias após o nascimento. Nos papéis de divórcio, Mildred Harris citou crueldade mental como motivo para a separação. Chaplin, por sua vez, a acusou de infidelidade.
SEGUNDO CASAMENTO - Chaplin conheceu Lita MacMurray quando ela tinha oito anos de idade. Aos 12 anos, ela fez o papel de "anjo flertando" no filme 'O Garoto' (1921). Três anos depois ela iniciou um caso com o então Charlie Chaplin de 35 anos. Lita MacMurray ainda era menor de idade quando engravidou dele, e para evitar escândalo, eles se casaram secretamente em novembro de 1924, quando ela trocou o nome para Lisa Grey. Mas a união foi problemática desde o início.
Em seus processos de divórcio, ela acusou Chaplin de obrigá-la a "passar por uma operação ilegal para impedir o nascimento de seu primeiro filho". Documentos divulgados durante a audiência descreveram ainda os supostos casos de Chaplin com inúmeras outras mulheres, e o tratamento "repugnante" e "desumano" dele para com a esposa.
PAULETTE GODDARD - Esse talvez tenha sido um sinal de que Chaplin havia amadurecido emocionalmente: ele se interessou por uma mulher que tinha 22 anos. Ainda assim, ele era mais de 20 anos mais velho que ela. O relacionamento recebeu grande atenção da imprensa de Hollywood. Paulette Goddard se tornou a atriz principal nos filmes 'Tempos Modernos' de 1936 e 'O Grande Ditador' de 1940. Eles se casaram em 1936 e não tiveram filhos. Ela pediu o divórcio em 1942.
O CASO COM JOAN BARRY - Após a separação, Chaplin teve casos breves com várias estrelas, incluindo Joan Barry. Mas o relacionamento acabou com dois abortos e um processo de paternidade movido contra o então comediante de 54 anos, depois que ele negou ser o pai da filha de Barry, Carol Ann. O astro perdeu o caso.
LEI MANN - O caso com Joan Barry teve um impacto ainda mais prejudicial para Chaplin. Há muito tempo, J. Edgar Hoover desconfiava das inclinações políticas de Chaplin e aproveitou a oportunidade para fazer publicidade negativa sobre ele. O chefe do FBI iniciou uma campanha difamatória para manchar a reputação de Chaplin, alegando que o comediante havia descumprido a Lei Mann, que proíbe o transporte de mulheres através de fronteiras estaduais para fins sexuais. O artista foi eventualmente absolvido, mas não antes da imprensa ter comparado o escândalo com o do julgamento pelo assassinato de Fatty Arbuckle em 1921.
QUARTO CASAMENTO - Em 1943, Chaplin estava na casa dos 50 anos, e começou a sair com Oona O'Neill, a filha de 18 anos do dramaturgo irlandês-americano Eugene O'Neill. Em sua autobiografia, Chaplin descreveu o encontro com Oona O'Neill como "o acontecimento mais feliz da minha vida" e afirmou ter encontrado "o amor perfeito". O casal permaneceu junto até a morte de Chaplin e teve oito filhos. Ele e sua família acabaram se estabelecendo na Suíça. De acordo com relatos, seu casamento era assombrado por seu temperamento agressivo e pela crueldade que tinha com seus filhos.
INVESTIGADO PELO FBI - Em 'Monsieur Verdoux' (1947), Chaplin criticou o capitalismo e também a indústria da guerra. O filme foi um fracasso de crítica e bilheteria nos Estados Unidos, mas teve uma melhor recepção na Europa. Nos EUA, Chaplin foi acusado de ser comunista e o FBI abriu uma investigação contra ele.
BANIDO DOS EUA - o desnorteado Charlie Chaplin deu as costas ao país e, em janeiro de 1953, estabeleceu-se com sua família em Manoir de Ban, numa extensa propriedade com vista para o Lago de Genebra em Corsier-sur-Vevey.
AUTORITÁRIO - Como cineasta, Charlie Chaplin era conhecido por seus altos padrões de exigência, repetindo várias gravações para alcançar a cena perfeita. Durante a produção de 'A Condessa de Hong Kong', em 1967, ele conseguiu irritar Marlon Brando, que mais tarde expressou preocupação com o estilo didático de direção de Chaplin e sua abordagem autoritária. Chaplin fez uma participação especial no filme, que marcou sua última aparição na tela.
MORTE - Charlie Chaplin faleceu em 25 de dezembro de 1977, na sua casa na Suíça. O artista tinha 88 anos. Chaplin foi enterrado no cemitério da vila de Corsier-sur-Vevey, na Suíça. Em 1º de março de 1978, o corpo do comediante foi desenterrado de sua sepultura por dois ladrões que o enterraram depois num campo na aldeia vizinha de Noville. A dupla de ladrões de túmulos tentou extorquir dinheiro da viúva de Chaplin, Oona, mas acabou sendo pega e o corpo foi devolvido à mesma sepultura, desta vez em uma urna de concreto reforçado.