Ter um apetite sexual voraz e fazer muito sexo sempre é, necessariamente, uma doença? A hipersexualidade é frequentemente descrita como um vício, uma compulsão por sexo. Conforme explica o psicólogo Oswaldo Rodrigues Júnior, há diferenças entre sentir muito mais desejo que outras pessoas e deixar que isso atrapalhe a rotina e as relações interpessoais.
A hipersexualidade não é, necessariamente, algo patológico e, segundo Rodrigues, é importante fazer esta diferenciação. Ele diz que existem pessoas que fazem muito sexo e pensam muito sobre o assunto, mas que não têm suas rotinas afetadas por isso. Já o gosto por sexo quando vira um transtorno tem motivações e consequências mais profundas.
Quando fazer sexo demais vira problema
“Falar em transtorno de hipersexualidade implica em um comportamento que está sendo usado de forma errada”, diz Rodrigues. De acordo com ele, a conduta passa a se configurar como distúrbio quando a pessoa deixa de realizar tarefas diárias e atividades que costumava exercer para fazer sexo ou praticar qualquer outro tipo de vivência sexual.
O transtorno não deve, porém, ser comparado a um vício em substâncias ou em jogos, por exemplo. O especialista explica que, em casos de compulsão , a pessoa se sente culpada após suprir aquela necessidade. No caso de portadores do transtorno da hipersexualidade, em momento nenhum há vontade de se controlar ou qualquer vestígio de culpa.
Causas
Afinal, de onde surge esse comportamento? Segundo o psicólogo, pessoas que sofrem com o transtorno de hipersexualidade relacionam o ato sexual com benefícios, conduta que pode até ter início na infância. “Talvez a pessoa tenha aprendido que isso é uma forma de se livrar de situações negativas, como uma nota ruim na escola ou brigas com o chefe”, comenta ele.
Hoje, a quantidade de homens com esse transtorno é maior que a de mulheres. Rodrigues explica que isso se deve ao papel atribuído aos dois gêneros desde cedo. “Homens crescem aprendendo que devem fazer sexo. O sujeito se sente mais homem quanto mais sexo fizer”, completa. A mulher, porém, é ensinada a ser recatada e a preservar a sexualidade , reduzindo a incidência do comportamento entre elas.
Ter um transtorno como esse pode trazer efeitos negativos para diversas áreas da vida. De acordo com Rodrigues, a vida profissional é afetada, já que a pessoa pode deixar de cumprir as tarefas do trabalho para fazer sexo. A vida conjugal também não sai ilesa: portadores do distúrbio tendem a fazer sexo com muitas pessoas, trazendo problemas para o casamento.
Quem é afetado por essa condição deixa hobbies, atividades de lazer em geral e cuidados com a saúde de lado e concentra-se quase que exclusivamente no sexo.
Tratamento
O psicólogo explica que há a possibilidade de tratar o transtorno com medicamentos, mas, como a medicação interfere nas funções sexuais do paciente e eles não têm a noção de que estão errados, a maioria sente que o bem-estar está sendo prejudicado e desiste do tratamento.
Outra opção para quem faz muito sexo e acaba desenvolvendo o distúrbio é a psicoterapia , já que é possível tratar a pessoa sem que ela perca as chances de sentir prazer.