O apresentador Wagner Montes morreu no último sábado (26), aos 64 anos, no Rio de Janeiro. Depois de passar dois meses internado, ele faleceu por complicações de uma forte infecção urinária. Em entrevista ao UOL, a assessoria de imprensa de Montes afirmou que ele "deu entrada no Barra D'or com uma infecção urinária forte que levou a um quadro de insuficiência renal e se agravou com uma pneumonia. Ele teve um choque séptico e sepse abdominal".
E sim, realmente um quadro que parece simples como a infecção urinária pode se agravar em casos específicos e levar a morte. "É claro que tudo depende muito de como está o organismo de cada paciente, sua imunidade, seu histórico de saúde, mas a forma como a doença evolui sempre tem as mesmas características", diz Fernando Almeida, urologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo.
Nós ficamos com infecção urinária quando uma bactéria entra pelo canal da urina e chega à bexiga, gerando ali uma infecção. São bactérias que já vivem na nossa pele, mas normalmente o sistema imunológico é capaz de bloqueá-las, mas às vezes o organismo perde essa batalha. Você vai saber que está doente se sentir ardência ao fazer xixi, vontade constante de ir ao banheiro, dor pélvica. A cor do seu xixi dá pistas sobre sua saúde, se estiver mais escuro ou com um pouco de sangue também pode ser sinal de infecção urinária.
Na maioria dos casos, assim que o quadro se instala o paciente vai ao médico pelo desconforto, toma antibiótico, e em cerca de 24 horas já para de se incomodas com os sintomas. Mas há chance de complicação e da doença se agravar.
Existem quatro contextos que podem facilitar a piora da infecção, de acordo com Carlos Sacomani, coordenador geral do Departamento de Disfunções Miccionais da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). O primeiro fato é o tipo de bactéria envolvida, que pode ser mais agressiva que o habitual ou super-resistente aos antibióticos. Além disso, a demora para obter o diagnóstico e iniciar o tratamento aumenta as proporções ao quadro.
Também é preciso ficar alerta se a pessoa não tem outras doenças associadas, como diabéticos, que têm menor tolerância para infecções e a doença tende a se agravar mais rápido, ou imunodeprimidos, que não têm um bom sistema de defesa para frear a bactéria. Por fim, em idosos há maiores chances da infecção se tornar agressiva.
"Se o caso fica mais grave quer dizer que a bactéria não está só ali na bexiga, pode ter ido para próstata ou para os rins, por exemplo. Esses tecidos são bastante irrigados e, uma vez neles, a bactéria vai pode ir para circulação sanguínea e causar sepse, doença desencadeada por uma inflamação generalizada," explica Sacomani. Um dos alertas de quando se está em sepse é a insuficiência renal, o que pode esclarecer a evolução que ocorreu com Montes.
Para evitar complicações, esteja sempre atento a sua temperatura. "Se você está com infecção e não melhora, mesmo se estiver tomando antibiótico, e sente febre e mal-estar é um sinal de que algo está fora do esperado e é importante ir ao médico. Aliás, logo na primeira ardência ao urinar vá ao médico e faça acompanhamento do tratamento," aconselha Sacomani.
A doença não precisa assustar, com diagnóstico e tratamento rápido pode ser curada sem grandes transtornos, mas é preciso ter cuidado e acompanhar a evolução dos sintomas para não ter evolução do caso.