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Confira aqui seis formas de recuperar o prazer no pós-parto

O sexo no pós-parto não tem de ser um quebra-cabeças, garantem médicos e sexólogos

Um parto normal e um bebé descomplicado tornaram tudo mais fácil. Uma década depois, aos 40 anos, Maria (nome fictício) não consegue sequer lembrar-se de como ou quando retomou a vida sexual após ser mãe. “Foi tudo muito natural. Talvez tenha sido um mês depois, ou menos até, não sei já…”, confessa. Só depois do nascimento do filho mais novo, agora com quatro anos, percebeu que o sexo no pós-parto nem sempre é assim tão simples. “Da segunda vez, levei imensos pontos, tinha uma cicatriz enorme e algum receio. Durante três meses, o sexo nem foi uma questão. Retomou depois naturalmente.”

A inquietude que Maria descreve um sentimento muito comum entre as recém-mães. “As mulheres referem muitas vezes que, na primeira vez após o parto, têm a mesma ansiedade e medo que tiveram quando perderam a virgindade”, confirma a sexóloga Vânia Beliz que, em conjunto com a Obstetra e Ginecologista da Clínica de Santo António, Marcela Forjaz, indica seis dicas essenciais para lidar com o sexo no pós-parto.

Sexo no pós-parto: 6 formas de recuperar o prazer

1. Observe-se e toque-se!

Sem medo, cuide da sua vagina. Após os pontos serem retirados ou absorvidos, toque-se e perceba se sente algo que cause dor ou desconforto. Depois do parto, os órgãos e sistemas internos da mulher levam três a quatro semanas a retomar sua forma inicial. Após esse tempo, do chamado puerpério, o corpo feminino estará, em teoria, preparado para retomar a vida sexual. Este é, no entanto, um prazo indicativo. Quanto mais normal tiver sido o parto, mais rápida será a recuperação. Além disso, nem sequer as três semanas exigidas para a cicatrização dos pontos de uma episiotomia ou cesariana são um intervalo absoluto. “Tudo depende da condição em que a mulher se sente. Desde que não haja desconforto, pode retomar a vida sexual”, avisa Marcela Forjaz.

2. Selecione um lubrificante

A redução da lubrificação vaginal deve-se à ação da prolactina, a hormona que induz a produção de leite e funciona como uma “estratégia biológica para que a mãe e bebé se vinculem e estabeleçam a sua relação próxima”, explica Vânia Beliz. É habitualmente atribuída a esta hormona também a responsabilidade por uma redução da libido referida pelas recém-mães.

A ausência de lubrificação é comum após o parto e pode tornar as relações dolorosas. “Esta é, de facto, das poucas fases da vida em que recomendo mesmo a lubrificação”, explica Marcela Forjaz. “Noutras situações, a falta de lubrificação pode refletir o que vai na alma da mulher. Aqui não. É um obstáculo físico efetivo e não determinado pela parte física e psicológica”, explica.

3. Estimulação, alternativas e posições

A prática sexual não deve passar apenas pela penetração. “Existem inúmeras outras formas de dar prazer ao outro sem penetração como é exemplo a masturbação”, diz Vânia Beliz. A séxologa explica que numa primeira vez deverá haver muita estimulação e, antes da penetração pénis vagina, que se deixe tocar para ter a percepção de algum desconforto. Durante a penetração, opte por posições sexuais em que possa controlar, por exemplo, ficando por cima.

4. Desdramatize

No seu consultório, Marcela Forjaz apercebe-se das inseguranças focadas no receio de que as mudanças no corpo possam interferir com a atração sexual do parceiro. “Aí tento reforçar que é uma situação transitória e dou até algumas dicas práticas, brinco com a ideia do sexo ‘às escuras’, recomendo a luz de velas, mais favorável, para transmitir mais confiança”, conta. Desdramatizar é a palavra de ordem quando em causa estão aspetos da vida íntima tão sensíveis à realidade de pessoa e à dinâmica do casal.

5. Diálogo!

Converse com os seu parceiro sobre os seus medos. “É muito importante que o casal converse muito sobre o tema, durante e depois da gravidez”, concorda Vânia Beliz. “Voltar a ter o prazer de outrora dependerá bastante de cada mulher, da sua recuperação, de como foi o parto, de como ficou a sua autoestima”, explica.

6. Mas não deixe tudo ao sabor do vento

Para Marcela Forjaz, apesar da ausência de regras e prazos relativamente ao tempo que se deve esperar para recomeçar a vida sexual, há também “situações que se prolongam mais do que seria razoável”, alerta. E, nesses casos, o diálogo, a “compreensão excessiva”, pode ser prejudicial, defende. Para a médica, tão importante como desdramatizar a falta de desejo face às condicionantes do pós-parto, é também, sem forçar nada, manter uma atitude confiante e proativa. “Às vezes é preciso incentivar a predisposição. Há que ser um bocadinho racional e não deixar tudo ao sabor do acaso. Planear um tempo a dois, decidir que nesse dia se está preparada, levantar-se decidida a seduzir, mostrar-se recetiva …”, explica. Por vezes, é preciso dar uma oportunidade à “espontaneidade”.

Fonte: Saber Viver