Adulto

Desconstruindo tabus: porque o prazer feminino ainda causa espanto?

Com o preconceito enraizado na exposição de qualquer sentimento sexual por parte das mulheres, o tema fica cada vez mais escondido

O universo do segmento adulto tem, como uma de suas principais características, ser criado para satisfazer o prazer na visão masculina. Ainda hoje, muitas mulheres sentem receio de explorar seu próprio prazer e o conhecimento de seu corpo, por ser um assunto pouco comentado e frequentemente invisível, ao contrário do que acontece com o público masculino.

Uma pesquisa feita pelo UOL em parceria com Tech4sex e a plataforma de pesquisa Mind Miners apontou que a vida sexual das mulheres é importante, porém pouco comentada. Cerca de 21,2% sentem um pouco de vergonha ao tocarem em assuntos como sexualidade, e 16,6% mulheres sentem constrangimento. 

Com o preconceito enraizado na exposição de qualquer sentimento sexual por parte das mulheres, o tema fica cada vez mais escondido. Dentro desse cenário, criadoras de conteúdo +18 têm revolucionado o mundo do segmento, criando um espaço de liberdade e aceitação com seus próprios corpos. O que tem se mostrado uma boa alternativa para desafiar os preconceitos inseridos na sociedade.

A indústria de conteúdo adulto e as redes sociais mostram a vida sexual ativa da mulher de uma maneira muito mais leve. Isso resulta num aumento da visibilidade do tema, para que pautas como masturbação feminina, fetiches, posições sexuais e diversas outras dicas sejam mais comentadas, o que gera o sentimento de unidade nas mulheres. Essa é uma ferramenta que ajuda o público feminino a entender que o assunto deve ser tratado de forma mais natural.

Para Ana Otani, idealizadora de concursos polêmicos, como Miss PPK Brasil e Miss Silicone Brasil, explica como a criação de eventos públicos torna o assunto menos vergonhoso e estabelece uma nova narrativa, onde a mulher sai como vitoriosa. “Atitudes como essa, de certa forma, são uma das maneiras de homenagear mulheres, enaltecendo seus corpos e o seu trabalho no segmento. É claro que muitas pessoas criticam, mas nós apenas mostramos o que nos dá prazer, o que gostamos. Isso pode e deve ser mostrado”.

A criadora de conteúdo e empresária entende como é difícil sair da bolha do medo e encontrar a liberdade de expressão. “Por mais que todos sejam contra o que sentimos, não podemos aceitar o que nos colocam como certo. É preciso ter coragem para assumir sua própria vontade. Desde sempre a vontade da mulher foi colocada em segundo lugar, e isso tem que parar”, afirma Ana.