Por muito tempo sexo era um assunto que todas as mulheres fugiam. Clitóris, ponto G, prazer e orgasmos eram palavras pouco populares. E é por conta dessa repressão que muitas delas não sabem se já chegaram ao orgasmo ou não.
Segundo a fisioterapeuta sexual Débora Pádua, o orgasmo é a sensação ápice do prazer. Portanto, a falta dele pode ser caracterizada como momentos em que, embora haja excitação e lubrificação, o clímax não é atingido. Chamado também de anorgasmia, o quadro afeta, em média, 70% da população feminina e pode ter diferentes causas.
O problema é gerado por uma correlação de fatores orgânicos ou psicossociais.
Segundo a especialista, as causas biológicas são responsáveis por menos de 5% da incidência dos casos. Lesões neurológicas, esclerose múltipla, mielites, lesões na medula óssea, alterações no sistema nervoso periférico e má formação congênita que dificulta o acesso ao clitóris estão neste grupo.
Já os fatores psicossociais são os mais comuns e envolve falta de informação, tabus, educação sexual moralista, medo de engravidar, sensação de culpa, dificuldade em assumir o papel erótico, histórico de abusos ou dores e até falta de habilidade do parceiro./Como consequência da dificuldade para atingir o orgasmo, as mulheres podem ter a autoestima e o desejo sexual diminuídos.
A fisioterapeuta explica que o orgasmo não está associado somente ao sexo oral ou com penetração. “Uma mulher pode ter orgasmos com o parceiro ou então sozinha, com masturbação”, diz. No entanto, afirma que não há como ter dúvidas se o orgasmo já foi atingido ou não. “Ele é uma sensação diferente de qualquer outra e uma mulher, quando sente, sabe o que é”, esclarece.
Descritos como primário (quando a mulher nunca teve a sensação), secundário (ausência do orgasmo em um momento específico) ou situacional (quando uma mulher não atinge de alguma forma – com o parceiro ou sozinha), o problema tem tratamento.
Além dos aspectos psicológicos que devem ser tratados com muito diálogo com o parceiro e até ajuda de especialista, o quadro também pode ser acompanhado por estímulos fisioterápicos. “No Brasil, os medicamentos disponíveis aumentam a excitação, mas não o orgasmo. O que geralmente fazemos são sessões para a mulher se conhecer e para melhorar a circulação do local”, explica.
Ainda segundo Débora, para saber se não ter orgasmo sempre é um problema, basta reparar na frequência com que eles acontecem. “Se em mais da metade das vezes que a mulher tem relação ou se masturba ela não atinge o orgasmo, então ela deve procurar ajuda”, esclarece.
No entanto, a especialista dá uma dica essencial: “não é preciso manter relações sexuais pensando só nos orgasmos. É muito mais importante aproveitar o restante das etapas. Sinta, pense, imagine e deixe rolar que assim ele pode acontecer naturalmente”, recomenda.