Dia a dia
Em 2000, a psiquiatra canadense Rosemary Basson propôs uma mudança no olhar sobre a diminuição da libido feminina ao mostrar que 80% das mulheres em relacionamentos estáveis não apresentam desejo sexual espontaneamente, lembra Florence. A relação sexual, nestes casos, costuma ser iniciada por outras motivações, como desejo de intimidade, vontade de sentir prazer e de se sentir amada. Com a evolução de carícias e do jogo amoroso, aí sim aparece o desejo sexual.
Ou seja, problemas de rotina, como cansaço, estresse, sobrecarga de trabalho e afazeres, fazem com que a mulher pense menos em sexo e tenha "preguiça" de ter relações sexuais. Logo, não inicia o jogo sexual de forma espontânea. Mas o desejo aparece, sim, de forma responsiva, o que é configurado como uma resposta sexual normal. É diferente da mulher em que o desejo sexual não aparece em nenhum momento, pontua a ginecologista.
Cortejar a mulher ao longo do dia, estimular o pensamento em sexo, programar o dia do casal, investir em qualidade (e não em quantidade), fazer uso de brinquedos sexuais, praticar fantasias e, no caso de casais com filhos, deixar os pequenos com alguém de confiança de vez em quando para investir no relacionamento estão entre as dicas da sexóloga.
Fernanda acrescenta ainda que, quando o sexo perde lugar na lista de tarefas, é preciso realocar as prioridades.
— Ao entender que a atividade sexual pode ser iniciada a partir de uma "neutralidade", ou seja, sem uma motivação intensa, mas com o objetivo de intimidade e bem-estar, pode tornar-se mais produtiva. Quando deixamos a transa por último, pode não haver disposição física e mental para curtir da melhor forma — reforça a sexóloga.