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Sexo online ganha força no período da quarentena, aponta pesquisa

A aquisição de objetos sexuais, como vibradores, aumentou consideravelmente durante a quarentena

Você já teve uma conversa "picante" com alguém em redes sociais? Vale ter mandado emojis com conotação sexual, palavras mais ousadas, nudes e, até mesmo, vídeos na " solidão " causada pela quarentena do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Se a resposta for sim, você não está só.

Pesquisas mundo afora estão confirmando que o interesse das pessoas em sexting (conversas sexuais, em inglês) e sexo virtual (do inglês cybersex) aumentou nas últimas semanas por causa do distanciamento social.

Além disso, pessoas mais jovens, que vivem sozinhas, se sentem solitárias e já têm tendência a buscar sensações novas são as mais propensas a trazer novidades para a vida sexual nesse momento, de acordo com a equipe do Instituto Kinsey.

"Temos duas dinâmicas: os solteiros que, sem poderem se encontrar pessoalmente com os parceiros, acham uma maneira de suprir essa necessidade fisiológica pela internet, e os casais que, antes da pandemia tinham programas para sair da rotina , como viajar ou ir a motéis, mas estão se adaptando à nova realidade para sair da mesmice", explica a psicóloga Tammy Marchiori,   membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologial.

Outro estudo, feito pela Khoros, plataforma de marketing digital que atua em vários países, indica que a busca de termos como "nudes" e "fotos de pênis", associados a "coronavírus", saltaram 384% no Twitter de março para abril. Emojis com conotação sexual, como os de pêssego e berinjela, aumentaram 46%.

"O sexo virtual é um  processo muito parecido com o sexo na vida real: a gente passa por fases. Muitas pessoas não se sentem preparadas para enviar nudes aos parceiros de primeira - por falta de intimidade, vergonha ou pelo risco de exposição não autorizada - e optam por palavras 'picantes' e emojis. Outro motivo importante para o uso das figuras é também a possibilidade de dizer que o envio foi engano caso a intenção não seja recíproca", diz a neurocientista Anaclaudia.

Emojis pra que te quero

É difícil encontrar alguém que não faça uso dos emojis durante as conversas nas redes sociais e em aplicativo para as mais variadas situações. O mesmo vale para o sexo .

Pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, conseguiram criar um ranking dos emojis mais usados na hora do sexting. A carinha campeã na hora de flertar é o chamado "sorriso malicioso", enviado em 34% das conversas sexuais dos entrevistados no estudo. A lista ainda contém a piscadela (enviada 25% das vezes) e o beijinho (com 22% de envio).

Entre os objetos, o campeão foi a língua (17% mandada), seguida pela berinjela (que, representando um pênis, atingiu 17% dos envios) e as gotinhas (que representam a ejaculação e foram enviadas por 13% dos usuários).

Brincadeira de adulto

Não foi apenas o sexo virtual que teve crescimento. A aquisição de objetos sexuais, como vibradores, aumentou consideravelmente durante a quarentena. "Minhas vendas aumentaram 150% desde que isso tudo começou, principalmente entre as mulheres, que são o foco do meu negócio", conta a consultora sexual e empresária Aline Bicalho, que criou um combo chamado "kit quarentena", incluindo produtos como estimulantes de ponto G e lubrificadores. 

.cls-1{fill:none;}.cls-2{clip-path:url(#clip-path);} Arquivo pessoal/Aline Bicalho O chamado "kit quarentena" está fazendo sucesso entre a mulherada na internet

Além de vender objetos sexuais pela internet, Aline enxergou um mercado em expansão também nas redes sociais . "Tenho dado consultorias, por meio de lives, para muitas mulheres. Falamos sobre anatomia, masturbação, desejos e tabus. Sinto que as mulheres estão se sentindo mais à vontade para colocar para fora o que sentem", opina a especialista. 

Apesar do distanciamento social, é necessário que as pessoas tomem cuidado  com sua segurança e privacidade na internet, para não que não tenham problemas mais tarde com conteúdos vazados de propósito ou por acidente. "As recomendações continuam sendo as mesmas para situações presenciais ou virtuais. Todo cuidado é pouco", alerta a psicóloga Tammy. 

Isolamento e prática

O isolamento social, praticado em muitos países desde março, está fazendo com que muitas pessoas fiquem sozinhas por um longo período de tempo. E sintam mais tesão. 

Uma das pesquisas, desenvolvida pelo Instituto Kinsey, nos EUA, mostra que 17% das três mil pessoas entrevistadas adicionaram pelo menos um novo tipo de atividade à vida sexual desde que a pandemia começou.

As novidades mais citadas pelos entrevistados foram o sexting (mensagem com conotação sexual) e o envio de nudes, além de nova posição sexual e revelação de fantasias ao parceiro, ou parceira.

O estudo também revela que quase metade dos adultos admite ter praticado menos sexo por causa do estresse e do distanciamento imposto pelo novo coronavírus. Mas muitos têm enxergado a situação como oportunidade para expandir seu repertório e tentar algo novo.

"O cérebro já tem a memória de experiências sexuais armazenada, porque a gente tem um repertório pré-definido com base nas nossas relações físicas. O que muda é a adição de  novos elementos - como os nudes, os vídeos, os emojis - a esse velho repertório que serve como referência", afirma a neurocientista Anaclaudia Zani Ramos, especializada em Sexualidade Individual e Conjugal com foco na Teoria Sistêmica.