A vereadora Andrea Puríssimo, que quase sofreu processo de impeachment em Santo Anastácio, no interior de São Paulo, após ter um video erótico publicado na web, disse nesta segunda-feira (13) que recebeu centenas de recados em seu perfil no Orkut, mensagens de solidariedade e até o pedido de ajuda, por meio de mensagem instantânea, de uma jornalista paraense que disse ser também vítima de exposição na internet.
"Ela me adicionou porque está à procura de um advogado. O caso dela é igualzinho ao meu. As imagens foram gravadas no celular e vazaram para a internet", afirmou.
Andrea conta que chegou a ficar assustada com as 34 janelas abertas em sua página pessoal em um único dia, além de mais de uma centena de e-mails com mensagens de apoio. "Uma amiga me disse que fui reconhecida até na Suíça", afirmou.
O caso
Cenas de sexo gravadas no celular de um namorado casual em 2004, quando era enfermeira de um posto de saúde, mudaram a vida de Andrea e de Santo Anastácio, cidade de 20 mil habitantes localizada a 589 km da capital paulista.
O vídeo vazou para celulares e para a internet em maio, pouco depois de Andrea assumir seu primeiro mandato.
O suplente de Andrea, Antônio Carlos dos Santos, pediu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mas Andrea teve apoio dos colegas e a proposta foi rejeitada por unanimidade.
"Por incrível que pareça, a maioria dos moradores ficou do meu lado e contra quem divulgou as imagens. Também tive apoio da minha filha, que embora tenha 12 anos, mostrou-se de uma maturidade incrível", disse Andrea.
Os advogados da vereadora entraram na quarta-feira (8) com ação na Justiça para garantir a retirada do vídeo da internet. Eles também querem identificar os computadores e vão pedir à polícia para investigar os endereços reais das pessoas que armazenaram e transmitiram as imagens.
"É uma coisa que aconteceu há muito tempo e acabou caindo na mão de gente interessada em me prejudicar. Foi uma coisa absurda e eu nunca imaginei passar por isso. Minha vida virou do avesso. Você não consegue imaginar a proporção que tomou", disse a vereadora ao G1.
Integrante de uma família religiosa, ela temeu apenas pela reação de seu irmão diante da exposição que o caso teve. "Eu estou falando com você agora, mas até semana passada eu só chorava", disse ela.
Andrea conta que teve um relacionamento casual com o rapaz que também aparece no video. "Não era um namorado, era um caso", disse ela. O motorista Antônio Carlos dos Santos, que pediu a cassação de Andrea, afirma que o vídeo causou repercussão em toda a região e ele tinha obrigação de informar a Câmara."Requeri que montassem uma CPI para analisar o video e tomassem a decisão cabível", disse ele. "Alguns advogados me informaram que isso seria contra a lei, mas os vereadores arquivaram o meu requerimento", afirmou.
"Primeiro vi com a molecada na rua. Isso foi uma febre aqui. O meu menino chegou em casa com o celular. Foi um conhecimento que abrangeu toda a região. Se cogitou muito isso daí", afirmou Santos.
O advogado Leandro Martins Alves diz que ingressou na Justiça de Santo Anastácio com duas ações para obrigar dois endereços da internet a retirar o conteúdo relativo à vereadora, como também bloquear a transmissão de e-mails com arquivos do caso.
"Conseguimos a antecipação de tutela e isso deve ser providenciado rapidamente", disse o advogado. De acordo com ele, ainda não é possível determinar quem vazou o vídeo.
"A Andrea simplesmente disse que foi buscar informações junto a quem também aparece no vídeo e ele diz que perdeu o celular. O vídeo simplesmente surgiu. Assim que ela assumiu, os vídeos começaram a aparecer", afirmou.