É batata! Basta Félix (Mateus Solano) soltar uma frase de efeito em ?Amor à vida? para as redes sociais ficarem em polvorosa. ?Não é desonestidade, é falta de terapia?, justificativa que ele deu a Atílio (Luis Melo), na terça-feira, disseminou-se na internet em questão de minutos. Já é o novo ?a culpa é da Rita?, bordão que não saía da boca de Carminha (Adriana Esteves), em ?Avenida Brasil?.
Criativos, os internautas fizeram versões para a frase (veja quadro ao lado). E o autor Walcyr Carrasco não se surpreende com a repercussão do personagem.
- As declarações de Félix caem no gosto do povo porque dizem o que ninguém tem coragem de dizer - acredita o autor, que acrescenta: - Félix é original, diferente, tem estilo. E Mateus é um grande ator. Sabia que iria interpretá-lo com profundidade.
Walcyr também tem uma teoria para o burburinho provocado pela nova tirada do vilão das nove:
- Hoje em dia, a gente tende a perdoar ações destrutivas através de explicações psicológicas. É o chamado psicologismo. Mas explicar um comportamento não significa que ele seja aceitável.
Quem faz coro com o autor é Luis Melo. Apesar de não ter imaginado que a frase pudesse ganhar tamanha projeção, ele compreende o porquê do disse me disse em torno da declaração.
- Félix usa essas frases de efeito porque é uma maneira de se defender. Como o personagem está na moda, faz sucesso. A tirada é muito boa, porque hoje em dia tudo se justifica assim: falta de terapia ou desequilíbrio - analisa
Criador da fala do criminoso, Walcyr acredita que o mau-caratismo de Félix não se resolveria com terapia.
- A terapia ajuda a pessoa a se olhar melhor, a crescer como indivídio e, muitas vezes, a eliminar a inveja que leva a ações destrurivas. Mas acho que falta de caráter não tem jeito, é uma estrutura muito estabelecida no indivíduo - sustenta o autor.
Para Luis, acostumado a dar vida a homens perversos, Félix personifica um tipo novo de vilão.
- Ele traz um tipo de vilania nova, está inaugurando uma coisa diferente na televisão, e isso se deve muito ao humor, numa coisa lúdica que Mateus tem. É um toque de criança malcriada, mimada. Félix faz sucesso porque as maldades são recheadas com esse humor. Ele é um malandro - define o ator.
As expressões mais usadas por Félix
Salguei a Santa Ceia: É o ?joguei pedra na cruz? de Félix
Criatura: Forma sarcástica de se referir às pessoas. Sua mulher, Edith (Bárbara Paz), frequentemente é chamada dessa maneira
Mãe Maravilha: Maneira carinhosa de tratar a mãe
Ratinha: Apelido que Félix deu ao ver sua sobrinha recém-nascida no chão de um banheiro sujo de bar
Pelas contas do rosário: É uma interjeição que vale para qualquer momento. Funciona como ?Minha nossa Senhora? e ?Virgem Maria?
Demônia: Como ele trata a irmã Paloma (Paolla Oliveira) pelas costas
Pai soberano: Jeito puxa-saco de falar com o pai
Suas tiradas
?Abri uma frestinha na porta do armário. Dei uma escapadinha. Eu entro no armário de novo e tranco a porta. Boto cadeado. Juro? Ao tentar demover a mulher do divórcio
?Você deve ser um ótimo corretor. Vendeu o apartamento e levou minha irmã de comissão? Ao conhecer Bruno (Malvino Salvador)
?Minha sogra adorada, não entendo por que você não nasceu com a língua bifurcada, tal o seu veneno? Para Tamara (Rosamaria Murtinho) na mesa de café da manhã
?Se é ex-chacrete, já deve ter despencando. A lei da gravidade é um crime contra a mulher? Sobre Márcia (Elizabeth Savalla)
?Antes de escovar os dentes eu não beijo nem a Bela Adormecida. Aliás, eu não beijo principalmente a Bela Adormecida. Depois de dormir cem anos, já pensou o mau hálito?? Para a mulher, quando ela foi beijá-lo
?Agenda um encontro comigo, Jonathan, meu dia está lotado pra crianças? Ao filho, quando o menino tentou abraçá-lo
?Mãos hábeis. Que vontade de ter uma apendicite!? Suspirando por Jacques (Júlio Rocha)
?Mamãe gosta de tapete persa. Esse é um tapete ambulante? Referindo-se a um empregado tatuado