Nelson Mandela foi enterrado neste domingo às 12h45 locais (8h45 de Brasília) na aldeia de Qunu, no sudeste da África do Sul. O ex-presidente sul-africano foi sepultado em estrita intimidade, acompanhado unicamente por sua família, seus amigos mais próximos e alguns convidados, informou a agência de notícias local Sapa.
O ganhador do Nobel da Paz, que ficou preso durante o Apartheid por 27 anos, antes de emergir para pregar o perdão e a reconciliação no país, foi colocado para descansar na casa de seus ancestrais em Qunu, em uma despedida que misturou pompa militar e os ritos tradicionais de seu clã Xhosa abaThembu.
O enterro aconteceu após a conclusão do funeral de Estado em uma grande tenda branca construída pelo governo no sítio da família, quando o caixão de Mandela, coberto com uma bandeira sul-africana, foi portado em procissão por militares brancos e negros, em mais um exemplo do resultado de seu combate à segregação racial.
Os militares o conduziram para uma encosta de uma pequena colina situada no sítio de Mandela, nas mesmas terras nas quais passou sua infância, e o lugar que sempre considerou seu lar. Ali aguardava com tristeza sua família, liderada por sua viúva, Graça Machel, e sua ex-esposa Winnie Mandela, para dar seu verdadeiro último adeus.
Enquanto seu caixão era abaixado para a sepultura, três helicópteros militares sobrevoavam o cemitério balançando a bandeira sul-africana, rememorando a posse de Mandela como primeiro presidente negro da África do Sul há quase duas décadas. Uma bateria de canhões disparou uma salva de 21 tiros, que ecoaram pelas colinas do Cabo Oriental, antes de cinco caças voarem baixo e em formação sobre o vale.
"A sua foi realmente uma longa caminhada até a liberdade, e agora você conseguiu a liberdade definitiva no seio de seu criador", disse um capelão militar durante a cerimônia no jazigo da família, onde três dos filhos de Mandela já estão enterrados.
Ao lado da sepultura havia 450 parentes, líderes políticos e convidados estrangeiros, incluindo o príncipe Charles, da Grã-Bretanha, o ativista norte-americano de direitos civis o reverendo Jesse Jackson e a apresentadora Oprah Winfrey. Os momentos finais não foram transmitidos por emissoras de televisão.
Nelson Mandela morreu no dia 5 de dezembro em sua casa de Johanesburgo rodeado de sua família, após uma longa convalescença por problemas respiratórios.