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Após beatificação de Irmã Dulce, Brasil pode ter 4 santificados

Albertina Berbebrock e Lindalva Oliveira são as outras duas mulheres.

Após a beatificação de Irmã Dulce, na noite deste domingo (22), em Salvador, outros três beatos nascidos no Brasil estão na fila para se tornar santos. Um quarto beato que viveu no país, mas que nasceu na Espanha, também está na lista do Vaticano e o processo de canonização está diretamente relacionado ao de um brasileiro nato. Os dois foram assassinados por causa de suas crenças religiosas no dia 21 de maio de 1924, em Frederico Westphalen (RS).

O primeiro santo nascido no Brasil é o Frei Antônio de Sant"Anna Galvão, que nasceu em Guaratinguetá, em 1739. Ele permaneceu até 13 anos de idade na cidade, depois foi estudar na Bahia. O frei foi ordenado sacerdote em 1762 e completou os estudos teológicos no Convento de São Francisco, em São Paulo. Viveu 60 anos na capital até morrer em 23 de dezembro de 1822. A canonização dele ocorreu após o reconhecimento de dois milagres pelo Vaticano, em 2006.



Tentativa de estupro

A primeira na fila da canonização é Albertina Berbenbrock, de Santa Catarina. A missa de beatificação dela aconteceu em outubro de 2007. Ela é conhecida como a Maria Goretti (santa italiana que, em 1902, teve morte semelhante à de Albertina) brasileira.

Albertina Nasceu em 11 de abril de 1919, no município de Imaruí (SC) e foi assassinada no dia 15 de junho de 1931, aos 12 anos de idade, depois de uma tentativa de estupro. Ela foi enterrada dentro da Igreja São Luiz, construída no local crime. A ela foram atribuídos milagres após sua morte violenta, que teriam sido obtidos por invocação do nome dela junto a seu túmulo, o que motiva peregrinações até os dias atuais.

Irmã morta em abrigo

Em Salvador, no dia 25 de novembro de 2007 foi realizada a missa de beatificação da irmã Lindalva Justo de Oliveira. Ela nasceu no município de Açu (RN), em 1953. A religiosa coordenou o Abrigo Dom Pedro II, na capital baiana, onde cuidava de 40 idosos do pavilhão masculino.

Lindalva foi assassinada na Sexta-feira Santa de 1993, com 44 facadas, por Augusto da Silva Peixoto, um dos abrigados. Peixoto tinha 43 anos, mas foi acolhido no abrigo de idosos. Ele assediava irmã Lindalva e a matou depois de ter recusadas as suas vontades sexuais. Os restos mortais dela estão na capela do abrigo onde ocorreu o crime. Peixoto ainda cumpre pena pelo assassinato.

Padre e coroinha assassinados

Em outubro de 2007 foi realizada a missa de beatificação do padre espanhol Emanuele Gómez González, que viveu em Frederico Westphalen (RS). Ele visitava as comunidades do Alto Uruguai acompanhado do coroinha brasileiro Adílio Daronch. Há indícios de que as mortes de Adílio e do padre Emanuele podem estar relacionadas a problemas fundiários.

Eles davam sepultura digna a pessoas mortas por questões de terra e jogadas em uma cachoeira. Os dois foram assassinados em uma emboscada entre as cidades de Três Passos (RS) e Nonoai (RS), por soldados provisórios durante a Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul. Ambos viajavam a cavalo. Eles foram encontrados amarrados em duas árvores.

A repercussão das mortes fez com que o local da emboscada se tornasse um ponto de romaria, onde os fiéis fazem seus pedidos até os dias atuais. Os restos mortais dos dois religiosos estão no Mausoléu ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz, em Nonoai.

"Bem-aventura Dulce dos pobres"

Irmã Dulce foi beatificada por volta das 18h deste domingo, em Salvador. Conhecida como "Mãe dos pobres" e "Anjo Bom da Bahia", a religiosa foi colocada na lista de beatos e santos pelo Papa Bento XVI, após leitura de carta apostólica feita por Dom Geraldo Majella Agnelo. A partir desta data, ela será chamada "Bem-aventura Dulce dos pobres".

As Obras Sociais Irmã Dulce divulgaram, na sexta-feira (13), na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Salvador, a identidade de Cláudia Cristiane Santos de Araújo, 42 anos. Moradora de Malhador (SE), é casada com Francisco Assis de Araújo e a ela é atribuido o primeiro milagre de Irmã Dulce, ocorrido em 2001.

Abertura do processo de beatificação começou em 17 de janeiro de 2000. No ano seguinte foi anunciado o milagre e, em 2002, o processo foi levado para análise do Vaticano.

Um milagre para a canonização

Segundo o frei italiano Paolo Lombardi, postulador do Vaticano responsável pelo processo de beatificação, Albertina, Lindalva, Adílio e o padre espanhol Emanuele foram considerados mártires por terem morrido pela fé. Por essa razão não precisaram passar pela comprovação de um milagre para serem decretados beatos. ?A espera do milagre é o caminho normal, mas o martírio dessas pessoas eliminou essa necessidade.?

Até a canonização, os candidatos passam por duas fases. A primeira é ser declarado servo de Deus, tornando-se venerável. A segunda é o processo de beatificação, tornando-se beato ou bem-aventurado. Por fim, é realizada a canonização, quando a pessoa é declarada santa. "Agora, para serem canonizados, será necessária a comprovação de um milagre depois de terem sido beatificados", afirmou Lombardi.