Comida sempre foi o assunto predileto de Petê Camargo. Quando garota, gordinha, não podia ir à uma festa que corria para a cozinha a fim de saber a receita deste ou daquele doce. Na pré-adolescência, no entanto, a faceta gulosa deixou de ser uma característica fofa e engraçadinha para começar a virar uma tormenta. "Era a fase em que as garotas estavam se arrumando, despertando para a sexualidaede e eu estava apenas engordando", conta ela, que viu o ponteiro da balança atingir 145kg aos 37 anos.
Antes disso, porém, ao ver a aparência gorducha no espelho, Petê tomou uma decisão. "Comecei a nadar todos os dias até me tornar atleta, federada em São Bernardo do Campo, onde morava", relembra ela, que competiu até os 19 anos, ano em que casou com o primeiro namorado: "Eu comia feito um touro, treinava quatro horas por dia e queimava tudo o que ingeria. Mas ao casar, a coisa degringolou".
Para se ter uma ideia, na lua de mel, Petê e o marido foram para o supermercado e comprarm todo o tipo de besteira que pudessem consumir. "Quando engravidei do meu primeiro filho, engordei 40kg. Eu comia o dia inteiro, não trabalhava, não fazia mais nada. Minha autoestima era abaixo de zero. Tive complicações por conta da pressão alta e foi um transtorno tentar emagrecer", confessa.
Quando o bebê nasceu, Petê tentou toda a sorte de dietas e foi vítima do efeito sanfona. Conseguiu chegar aos 80kg, que para os 1,76m que tem não eram tão absurdos assim. Mas voltou a engordar, engravidou novamente e lá vieram mais 40kg. "Cheguei num ponto em que achava que já tinha filhos, era casada, havia construído uma vida e não precisava me preocupar em ficar fazendo regime", justifica.
Mas o filho mais velho morria de vergonha da aparência desleixada da mãe e pedia a ela que o deixasse longe da escola ou que não fosse às festinhas. Daí, Petê voltou a nadar. "Era assustador. Eu, com uns 135 kg, de maiô na piscina. As pessoas se assustavam, mas eu sabia nadar, então, a memória do corpo ainda existia", diz.
etê, porém, passou a sentir-se muito cansada e descobriu que era portadora de Lupus Sistêmico, uma doença autoimune que pode levar à morte: "A ficha caiu. Ou eu mudava de vida ou morria". Após um longo tratamento para amenizar os sintomas e uma embolia pulmonar, Petê decidiu viver bem pelo resto da vida: "Cortei as guloseimas, fiz o que todo mundo sabe fazer para emagrecer. Reduzi a quantidade de comida e passei a me exercitar diariamente para queimar as calorias. É uma matemática simples, mas é dificílimo manter o resultado".
Foram quatro anos e meio até eliminar 76kg. Hoje, aos 46 anos, Petê chama a atenção pelas fotos de antes e depois. Sua história vitoriosa foi parar nas redes sociais, quando ela decidiu fazer um site incentivando outras pessoas a recuperarem o tempo perdido e aprenderem a ter uma relação de amizade com a comida e não de dependência.
No "www.petecamargo.com.br" posta vídeos motivacionais e receitas light, e já tem mais de seis mil seguidoras fiéis, que se inspiram na força de vontade dela: "Chorei ao não poder comer o que gostava. Hoje, me orgulho de saber fazer as escolhas certas. Não fiz plásticas, minha pele ainda está meio caidinha, mas faz parte da minha transformação. Foi devagar e eficaz até que meu cérebro e meu corpo soubesem que, sim, eu agora seria uma mulher magra".