?Tomar vergonha na cara?: essa foi a receita que a estudante Sabryna Ribeiro Estanek Fernandes, de 27 anos, recebeu da sua endocrinologista para emagrecer quando chegou aos 100 quilos.
Após inúmeras tentativas de perder peso com remédios, a médica resolveu não receitar mais os medicamentos porque, segundo ela, Sabryna era jovem e tinha condições de emagrecer naturalmente.
?Eu sempre ia ao médico, pegava a receita para tomar inibidores de apetite, emagrecia 10 kg, me sentia bem e comia tudo de novo?, lembra a carioca, que há 3 anos mora em Fortaleza, no Ceará.
?A endocrinologista me encaminhou para uma nutricionista para fazer uma reeducação alimentar e se recusou a me receitar mais remédios?, conta.
Após a consulta ?frustrante? com a endocrinologista, Sabryna voltou revoltada para casa. ?Eu achava que o remédio era a solução da minha vida. Chorei muito, não queria nem sair na rua?, lembra. Mesmo com a orientação, ela não foi à nutricionista porque queria mostrar que conseguiria sozinha.
?Todo gordinho sabe a dieta perfeita, mas nunca segue. Eu comecei a cortar refrigerante, pão e doce?, conta. Por causa do excesso de peso, ela sentia vergonha de ir à academia e, para começar a praticar atividade física, optou pela bicicleta ergométrica que tinha em casa. ?No começo, eu não conseguia ficar mais de 15 minutos na bicicleta. Mas eu fazia de domingo a domingo?.
Depois, passou a caminhar na rua mais ou menos uma hora por dia. ?No primeiro mês, perdi 2,5 kg com a minha dieta?, lembra. Em fevereiro de 2011, com 90 kg, dez a menos, ela resolveu, enfim, visitar a nutricionista. ?Ela me passou uma dieta e logo no primeiro mês, eliminei 5 kg?, lembra.
Dois meses depois, mais animada, entrou na academia. ?Encontrei o meu ritmo. Estabeleci um método sem pressão, para emagrecer naturalmente, sem ficar neurótica?, diz a jovem, que se recusava a se pesar toda semana. ?Eu media pelas minhas roupas. Quando eu conseguia entrar nas roupas, ficava satisfeita e via o resultado?, conta, feliz.
Atualmente com 72 kg, 28 kg a menos, em 1,64 m de altura, ela continua com a reeducação alimentar e a atividade física de segunda a sexta.
?Meu marido gosta de comer guloseimas, então eu tenho que resistir às coisas que ele come. Todo dia tem refrigerante na minha casa, então eu tive que aprender a lidar com isso, a dizer ?não??, diz.
Mais magra e mais confiante, ela voltou à endocrinologista com a receitada ?vergonha na cara?. ?Ela ficou chocada. Tenho pressão alta e, toda vez que ia às consultas, tinha tanto medo de ter engordado que minha pressão subia ainda mais. Quando voltei lá, ela mal me reconheceu?, lembra, aos risos.
Quem também não reconheceu Sabryna foi sua família, que mora no Rio de Janeiro. ?Começaram a me perguntar qual era o segredo, mas não tem segredo. É a vergonha na cara mesmo! A comida é fundamental, não adianta só fazer exercício?, recomenda.
O marido da estudante também foi fundamental durante o processo e ajudou bastante. ?Eu perdi todas as minhas roupas e ele foi comigo comprar tudo de novo. Mudei todo o meu guarda-roupa?, conta. ?Antes, eu me escondia por trás de vestidões e blusas largas. Hoje, eu uso roupas justas. Não tenho mais o problema de ir às lojas e não ter o meu tamanho?, relata, satisfeita.
Mesmo com todas as dificuldades, Sabryna continua na batalha e diz que ainda está colhendo os frutos da mudança de atitude. ?Eu gostava de me enganar, dizia que eu tinha problema para emagrecer, mas a verdade é que eu gostava muito de comer?, reconhece. ?Não foi fácil. É importante demais para o obeso tomar um passo assim. É para a vida inteira, um controle eterno?, avalia a jovem, que ainda quer eliminar mais 4 kg para chegar, enfim, ao peso ideal.