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"Armaram para mim", declarou advogado ex-de Mércia

Réus no processo falam à Justiça no quarto dia de audiência sobre o caso

O policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, negou na tarde desta quinta-feira (21) ter assassinado a ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, em maio deste ano. ?Nunca, jamais. Eu acho que foi uma armadilha que armaram para mim?, disse ao ser questionado se matou Mércia. O interrogatório dele durou cerca de duas horas no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo, e terminou por volta das 15h30. O vigia Evandro Bezerra Silva, outro réu no processo, será o próximo a falar.

Também advogado, Mizael Bispo disse que os profissionais da área ?sempre têm inimigos?. Ao ser questionado se gostaria de ver o assassino de Mércia atrás das grades, ele respondeu afirmativamente. ?Gostaria e ainda vou ver. Quando acabar isso aqui, vou começar as minhas investigações. Quem comete uma barbaridade dessas tem que pagar com a mesma moeda?, disse o réu.

Mizael respondeu a várias perguntas sobre o dia 23 de maio, data do desaparecimento. Primeiro, ele disse que ligou ?duas ou três vezes? para a ex-namorada. As investigações apontam, no entanto, que ele telefonou 16 vezes para ela de um telefone cadastrado no nome de outra pessoa. Mizael confirmou que esse telefone pertencia a ele. ?Agora, sim, eu me recordo, comprei no shopping. Não era de uso contínuo, mas de uso pessoal?, afirmou. Questionado por que não falou sobre o aparelho, ele disse que esqueceu. ?Não lembrei. Com toda aquela pressão, a gente acaba ficando sem muita noção das coisas. Devo ter ligado [as 16 vezes], mas completadas foram três.?

O réu continua alegando que esteve com uma prostituta na data do desaparecimento de Mércia. Em outros depoimentos, ele afirmou ter ficado três horas com a mulher. À Justiça disse que o encontro durou cerca de uma hora e meia. Ele afirma ter encontrado a prostituta em uma alça de acesso da Rodovia Hélio Smidt. Houve uma conversa rápida, de cerca de ?cinco segundos?, e a mulher seguiu com ele de carro, até o ponto onde estacionaram o veículo. Mizael disse que a mulher tem olhos claros, cabelo preto, é morena clara e mede cerca de 1,67 metro.

Mizael confirmou que esteve com Mércia na noite do dia 22 de maio, um dia antes do desaparecimento, e que os dois foram ao cinema. Uma semana antes, no dia 16, eles se encontraram e dormiram juntos em um local na Rodovia Fernão Dias, ainda segundo o réu. Ele lembrou que, na manhã do dia 23, a ex-mulher ligou para ele várias vezes dizendo que a filha tinha sido sequestrada. Depois, o rapto não se confirmou, mas ele ficou abalado com o fato.

Ele nega ter estado na represa de Nazaré Paulista, onde o carro e o corpo da advogada foram encontrados. ?Nunca estive na represa de Nazaré, ninguém me viu lá?, afirmou. Mizael disse que não costuma usar sapatos no fim de semana ? a perícia encontrou uma alga compatível com as existentes na represa em um dos calçados dele. Ele afirmou que a descarga elétrica que afetou a mão dele também prejudicou o pé e, por isso, só usa tênis nos dias de folga.

O advogado também confirmou conhecer Evandro, porque "passava alguns bicos" ao vigia. Em duas ocasiões durante o interrogatório, houve discussão entre os advogados de defesa e os responsáveis pela acusação, principalmente durante as perguntas da Promotoria.