Ao ritmo de maracatu mesclado a música eletrônica, Aquela Cia. de T#eatro, do Rio de Janeiro, traz a Teresina o espetáculo Caranguejo Overdrive, que será apresentado nos dias 26 e 27 de abril, às 19h, no CAMPO Arte Contemporânea, no bairro São João. Antes, nos dias 25 e 26, a companhia realiza a oficina Narrar em tempos (ins)urgentes e no dia 27 tem encontro com grupos de teatros da capital piauiense.
A montagem está em turnê nacional, já foi apresentada em Goiânia (GO) e Belém (PA), através do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura que, em parceria com a Secretaria Especial da Cultura, que contempla projetos de espetáculos teatrais não inéditos. Caranguejo Overdrive foi um dos 57 projetos aprovados no último edital, originários de todas as regiões do país.
Escrito por Pedro Kosovski e dirigido por Marco André Nunes, Caranguejo Overdrive retrata a cidade em movimento e o impacto sobre seus habitantes.
A trama, embora ambientada no século 19, se torna atual pelo seu enredo, que apresenta a história de Cosme, um ex-catador de caranguejos no mangue carioca, convocado a lutar ao lado do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai. Após sofrer um colapso mental no campo de batalha, ele é dispensado e, ao retornar a sua terra, encontra um Rio de Janeiro caótico e em transformação.
A cidade, com suas convulsões urbanísticas, se tornou irreconhecível para esse homem. O combatente procura novamente o mangue, região que, em 1870, era conhecida como Rocio Pequeno – e hoje, Praça 11. Ele consegue um emprego na construção do canal que representou a primeira grande obra de saneamento na capital carioca. A partir disso, Cosme já não sabe mais se é homem, caranguejo, soldado ou operário. Sua crise o obriga a abandonar tudo, a vagar pela noite, a mergulhar no delírio e a assumir, finalmente, a forma do crustáceo. O homem-caranguejo vive na lama.
Apesar do drama vivido pelo protagonista, Caranguejo Overdrive pode divertir o público maior de 16 anos, com bom humor e com a vibração da trilha sonora, que dialoga com a performance dos atores e atrizes: Alex Nader, Carol Virguez, Eduardo Speroni, Matheus Macena e Fellipe Marques.
A banda, conduzida por Felipe Storino, toca canções originalmente compostas para a peça, além de clássicos do movimento Manguebeat, que imortalizaram Chico Science e a Nação Zumbi. O power trio (guitarra, baixo e bateria) é constituído por Maurício Chiari, Pedro Leal e Felipe Storino.
O livro Homens e Caranguejos, do escritor e geógrafo pernambucano Josué de Castro, é referência para o espetáculo. Precursor dos estudos sobre a fome no Brasil. No prefácio de “A Descoberta da Fome”, (Lisboa, 1966), ele destaca:
“A lama dos mangues de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo. São seres anfíbios - habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo - este leite de lama -, se faziam irmãos de leite dos caranguejos. [...] A impressão que eu tinha era a de que os habitantes dos mangues - homens e caranguejos nascidos à beira do rio - à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama”.
Ficha Técnica
Realização: Ministério da Cidadania e Governo Federal
Direção: Marco André Nunes
Texto: Pedro Kosovski
Elenco: Carolina Virguez, Alex Nader, Eduardo Speroni, Matheus Macena, Fellipe Marques, Samuel Toledo e Tiago Herz
Músicos em cena: Maurício Chiari, Pedro Leal, Pedro Nego e Felipe Storino
Direção Musical: Felipe Storino
Iluminação: Renato Machado
Operação de luz: Tamara Torres
Produção: Thaís Venitt | Núcleo Corpo Rastreado
Patrocínio: Petrobras